Em Pequim, pessoas participam de festival na rua Qianmen. (ChinaFotoPress/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 5 de agosto de 2014 às 17h33.
São Paulo - Desde que se abriu para o mundo nos anos 80, a economia chinesa vive um crescimento vertiginoso que chegou a registrar taxas de dois dígitos anuais.
O ritmo já diminui bastante, especialmente a partir de 2008, mas o país continua atingindo as metas que se coloca ano após ano: 7,7% em 2012 e em 2013 e (prováveis) 7,5% este ano.
Boa notícia, certo? Errado - pelo menos de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Nesta quarta-feira, o Fundo liberou um relatório em que pede para que o país se coloque uma meta mais modesta - entre 6,5% e 7% - para 2015.
Isso estaria de acordo com o "objetivo de fazer a transição para uma trajetória mais segura e consistente" de crescimento, diz o documento.
O problema é que a expansão do PIB chinês tem dependido demais do aumento do crédito e do investimento financiados com endividamento. O banco Standard Chartered calcula que a dívida do país já chega a 250% do PIB.
Como fraquezas, o Fundo aponta um mercado imobiliário distorcido e com excesso de oferta (exemplificado pelas cidades fantasma) e a explosão do sistema financeiro paralelo (o chamado "shadow banking").
Como vantagem, o FMI nota que a economia chinesa ainda é fortemente controlada por um governo central com vários instrumentos a seu dispor, incluindo reservas internacionais de quase US$ 4 trilhões
Isso diminui o risco de um ajuste abrupto no curto prazo, mas ele aumenta na medida em que a economia fica mais vulnerável.
A recomendação é que a China implemente reformas para liberalizar o sistema financeiro, dar ao mercado um papel mais central, melhorar a alocação de recursos e limitar os investimentoS para focar no consumo de seus 1,3 bilhão de habitantes.
Isso pode até diminuir o crescimento no curto prazo, mas traria benefícios no médio e longo prazo não só para o país mas para o resto do mundo, conclui o FMI.