O diretor do Departamento de Mercados e Capitais Financeiros no FMI, José Vinals: "não há movimento de pânico", disse (Saul Loeb/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 08h31.
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) negou nesta terça-feira que haja um movimento de "pânico" nos países emergentes, no momento em que vários deles voltam a desvalorizar suas moedas em meio à crescente desconfiança dos investidores.
"Não há movimento de pânico. É uma combinação de fatores próprios" a cada um desses países, declarou o diretor do Departamento de Mercados e Capitais Financeiros no Fundo, José Vinals, em entrevista coletiva.
Segundo Vinals, as tensões recentes nas economias emergentes não têm uma "explicação única", ao contrário daquelas que explodiram na primavera de 2013 (hemisfério norte).
Ao antecipar um endurecimento da política monetária americana, os investidores repatriaram seus fundos, de forma abrupta, para os Estados Unidos, o que afetou as contas públicas e privadas de alguns países, como Brasil e Turquia.
Em janeiro, o Federal Reserve americano (Fed) começou a reduzir suas injeções de liquidez, mas, de acordo com Vinals, esse novo rumo não teve, "por enquanto", um "papel importante" nas tensões financeiras atuais.
"Os mercados, em geral, prestaram pouca atenção" às decisões do Fed, segundo nota distribuída por Vinals à imprensa.
"Um importante êxito (do Fed) foi convencer os mercados de que uma redução (das injeções) não equivalia a um endurecimento" de sua política monetária, acrescentou.
Segundo ele, as recentes tensões nos mercados se atribuem mais às fraquezas intrínsecas dos países emergentes, que "ainda devem conseguir se adaptar" a condições de financiamento mais voláteis e aos prêmios de risco mais elevados que os mercados exigem.
Diante da desconfiança dos investidores, alguns países emergentes viram sua divisa despencar.
Segundo o FMI, os Bancos Centrais dos emergentes devem combater urgentemente a inflação, que desanima os investidores ao enfraquecer o valor de seus ativos. Para isso, completou Vinals, essas instituições precisam ter a "independência necessária".
"Os Bancos Centrais dos países emergentes devem dispor da independência necessária para atuar mais rapidamente, ou se atualizar o quanto antes para manter a inflação sob controle (...) e transmitir confiança para os investidores internacionais", declarou Vinals, sem se referir a qualquer país em particular.
Vinals também pediu às nações emergentes que cuidem do endividamento "excessivo" de suas empresas e ressaltou que essas economias se mantêm, em longo prazo, vulneráveis a um aumento das taxas do Fed.
Finalmente, ele fez um apelo à China e aos EUA para que "reforcem" sua vigilância do setor bancário informal ("shadow banking"), que gera "bolsas de endividamento excessivo" nesses países.