Economia

FMI e balanços nos EUA mostram impacto da guerra comercial

Em julho a instituição previu avanço de 3,2% para a economia global e de 0,8% para o Brasil — ambos os dados muito abaixo das expectativas anteriores

Dólar: vigor da economia americana deve ser um dos pontos de atenção nesta terça-feira (Paul Yeung/Bloomberg/Bloomberg)

Dólar: vigor da economia americana deve ser um dos pontos de atenção nesta terça-feira (Paul Yeung/Bloomberg/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2019 às 06h17.

Última atualização em 15 de outubro de 2019 às 06h44.

São Paulo — O impacto da guerra comercial sobre o crescimento da economia global deve ser o grande tema de atenção de investidores e analistas hoje. O Fundo Monetário Internacional deve mostrar novos recuos nas expectativas de avanço quando divulgar seu relatório trimestral “Economic Outlook” nesta terça-feira.

Em julho, a organização, sediada em Washington (EUA), previu um crescimento de 3,2% para o PIB global, ante uma expectativa de avanço de 3,9% em julho de 2018.

Para 2020, a previsão caiu 0,1 ponto percentual, para 3,5%. As economias desenvolvidas devem crescer 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020. Já é a menor previsão de crescimento em uma década, e pode ficar ainda pior. Na semana passada, a nova presidente da instituição, a búlgara Kristalina Georgieva, disse que o crescimento econômico vai arrefecer em 90% dos países em 2019.

Boa parte das revisões para baixo vêm da China e dos países da Ásia, enquanto os Estados Unidos se mantiveram como um pólo de expansão no último relatório, com perspectiva de avanço de 2,6% em 2019, 0,3 ponto acima da previsão de abril.

O vigor da economia americana deve ser um dos pontos de atenção nesta terça-feira, uma vez que nas últimas semanas dados de emprego e produção industrial mostraram recuos no ritmo da maior economia do mundo a ponto de analistas apontarem uma possível recessão a caminho. A abertura da temporada de balanços de empresas americanas, nesta terça-feira, puxada pelos bancos, também deve jogar luz sobre o impacto econômico de curto prazo das disputas comerciais.

As notícias ruins vindas da China continuam. Nesta segunda-feira o país anunciou uma queda de 3,2% nas exportações em setembro em relação ao mesmo período de 2018, além de um recuo de 8,5% nas importações em setembro em relação a agosto. Os dois dados vieram piores que as estimativas de analistas. Uma possível trégua na guerra comercial anunciada na sexta-feira trouxe ânimo a investidores, mas ainda carece de assinaturas oficiais.

O Brasil deve mais uma vez ser destaque negativo no relatório do FMI — as previsões para o país recuaram de 2,1% de avanço em abril para 0,8% em julho. As economias emergentes devem crescer 4,1% em 2019, segundo o fundo. Uma das questões a ser respondidas na prática é se é possível o Brasil imbicar um crescimento mais vigoroso nos próximos anos mesmo com o mundo perdendo o vigor.

Se a economia global piorar muito, avalia o economista Celso Toledo, colunista de EXAME, será difícil o Brasil escapar sem arranhões.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Exame HojeGuerras comerciais

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo