Entidade recomenda, porém, que, para impulsionar a produtividade e garantir o crescimento no longo prazo, China reforme estatais, abra o setor de serviços e modernize estruturas de políticas (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de junho de 2019 às 06h41.
Última atualização em 5 de junho de 2019 às 18h17.
São Paulo — Após completar sua última missão de avaliação da China, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu levemente suas projeções de crescimento da segunda maior economia do mundo.
O Fundo agora prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês crescerá 6,2% em 2019 e 6% em 2020. Anteriormente, suas estimativas eram de altas de 6,3% neste ano e de 6,1% no próximo ano.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o FMI avalia que os planos do governo chinês de adotar medidas de estímulos compensam parcialmente a recente decisão dos Estados Unidos de elevarem tarifas sobre mais US$ 200 bilhões em produtos da China.
O FMI espera ainda que a expansão da China desacelere gradualmente nos próximos anos, até chegar a 5,5% em 2024, quando sua economia deverá atingir uma trajetória de crescimento mais sustentável.
Já no curto prazo, a perspectiva da China é particularmente incerta, devido à possível escalada de tensões comerciais com os Estados Unidos, ressaltou o Fundo. No momento, Pequim e Washington estão num impasse de suas negociações para um eventual acordo comercial.
O FMI destaca também que o progresso nas reformas estruturais da China levou a uma maior abertura da economia do gigante asiático e aprimorou seu papel nas forças de mercado.
A entidade recomenda, porém, que, para impulsionar a produtividade e garantir o crescimento no longo prazo, a China faça esforços adicionais para reformar estatais, abrir o setor de serviços e modernizar suas estruturas de políticas.
Guerra comercial
Diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde afirmou nesta quarta-feira que apenas a piora no comércio bilateral entre Estados Unidos e China já pode provocar uma queda na projeção de crescimento global em 0,5 ponto porcentual. Durante evento em Washington, Lagarde disse que a previsão de dois meses atrás do FMI de fragilidade e precariedade na retomada econômica global "se confirmou".
Lagarde ressaltou que qualquer elemento que atrapalhe o comércio, como por exemplo tarifas, acaba por representar um freio no crescimento. Ela foi questionada sobre tensões recentes entre EUA e México, mas se concentrou em sua resposta neste momento nas dificuldades no diálogo entre americanos e chineses, já presente em projeções recentes do Fundo.
A diretora-gerente do FMI afirmou que alguns emergentes têm mostrado resultados econômicos "um pouco mais fracos do que o previsto", sem citar exemplos. Além disso, advertiu que muitos países atualmente têm "pouco ou nenhum" espaço fiscal atualmente, o que dá menos margem de manobra para o combate a um quadro de piora econômica.