FMI: "A luta contra a corrupção na América Latina vem crescendo em prioridade" (AFP/ Saul Loeb/AFP)
EFE
Publicado em 28 de setembro de 2017 às 16h22.
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta quinta-feira para que os líderes da América Latina aproveitem "o momento propício" gerado pela "pressão popular" diante dos últimos escândalos, como o de Odebrecht, para manter o impulso contra a corrupção, um problema que considera "endêmico" na região.
"A pressão popular que se fez sentir recentemente abriu uma rara janela de oportunidade para que os governos não esmoreçam no ímpeto reformista, simultaneamente ajustando seus esforços para minimizar os custos de transição envolvidos nesse processo de busca por sociedades mais justas e economias mais pujantes", apontou o relatório publicado no blog do organismo e assinado pelo primeiro subdiretor-geral, David Lipton; pelo diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner; e pela subchefe da Divisão no Departamento do Hemisfério Ocidental, Pelin Berkmen.
No documento, o trio mencionou os recentes casos que geraram protestos na América Latina e que vão de esquemas para esconder ativos até os escândalos da Petrobras e da Odebrecht, que transcenderam as fronteiras do Brasil.
"A luta contra a corrupção na América Latina vem crescendo em prioridade. Com efeito, a região foi pioneira no campo internacional ao adotar uma convenção para combater a corrupção (no âmbito da Organização dos Estados Americanos) que tem servido como modelo para demais países fora da região", afirmaram.
Eles defenderam que para dar efetivo seguimento ao combate da corrupção são necessários quadros legais e jurídicos.
"A experiência internacional sugere que uma estratégia eficaz contra a corrupção exige quadros legais sólidos, intensidade na aplicação e fiscalização, e perseverança. Liderança comprometida e adesão à causa por parte de diversos segmentos da sociedade são também cruciais para garantir a continuidade dessa luta prolongada", alertou.
Em uma postagem anterior, Werner e Lipton disseram que "a corrupção sistémica é tão endêmica na sociedade que, para conseguir modificar os comportamentos, é necessário uma grande mudança nas expectativas".
O FMI realizará entre os dias 10 e 15 de outubro em Washington a sua tradicional Assembleia anual. No evento serão apresentadas as novas projeções macroeconômicas para a América Latina, depois que em julho o organismo situou o crescimento estimado para a região em 1% para 2017 e 1,9% para 2018.