Economia

FMI alerta para endividamento de empresas de emergentes

As emissões corporativas de países emergentes bateram em quase US$ 600 bilhões em 2012, enquanto as captações por meio de ofertas de ações recuaram para cerca de US$ 100 bilhões


	Esse maior endividamento é uma consequência da política monetária pouco convencional dos bancos centrais dos países desenvolvidos, destaca o FMI
 (Saul Loeb/AFP)

Esse maior endividamento é uma consequência da política monetária pouco convencional dos bancos centrais dos países desenvolvidos, destaca o FMI (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2013 às 13h22.

Washington - As empresas de países emergentes estão se endividando muito e o volume de empréstimos em moedas estrangeiras tem crescido a taxas recordes.

Brasil, Turquia, China, Tailândia, Chile e Filipinas são os países em que as corporações mais se alavancaram desde 2007, ano anterior ao início da crise financeira mundial, de acordo com o relatório Estabilidade Financeira Global, divulgado nesta quarta-feira, 17, na reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para o Brasil, apesar da maior alavancagem das empresas e do crescimento das captações no exterior, o relatório nota que a exposição das grandes corporações a moedas estrangeiras parece estar menor agora do que era na época em que o banco Lehman Brothers quebrou, no segundo semestre de 2008, mesmo quando se considera essa exposição pelo mercado de derivativos.

Logo após a falência do banco norte-americano, o crédito bancário secou, o dólar disparou e empresas como Aracruz e Sadia tiveram problemas em seus balanços por causa de derivativos atrelados ao dólar.

As emissões corporativas de países emergentes bateram em quase US$ 600 bilhões em 2012, enquanto as captações por meio de ofertas de ações recuaram para cerca de US$ 100 bilhões, de acordo com dados do relatório.

O quadro do ano passado é o inverso de 2007 ou 2010, quando as emissões de renda variável superaram as de renda fixa. O FMI argumenta que a alavancagem das empresas ainda não é excessiva, mas se esse ritmo for mantido pode representar um risco, pois elas estão mais expostas às variações das moedas estrangeiras e juros.

Esse maior endividamento é uma consequência da política monetária pouco convencional dos bancos centrais dos países desenvolvidos, destaca o FMI.


Se mantida por muito tempo, pode ser um risco ao sistema financeiro e aos bancos e provocar fluxos intensos de capital rumo aos mercados emergentes.

Se revertida e os juros subirem no mundo desenvolvido, pode representar um risco para as empresas mais endividadas. Nos últimos cinco anos, os empréstimos em moeda estrangeiras das empresas dos emergentes cresceram 50%, segundo o relatório.

Em um cenário de juros muito baixos nos países desenvolvidos, graças à estratégia dos bancos centrais para estimular a economia, e com um mercado de ações mais difícil para emissões, muitas empresas de mercados emergentes têm tomado empréstimos com taxas menores em moeda estrangeira.

A presidente do Fundo, Christine Lagarde, já havia ressaltado este ponto durante palestra em almoço em Nova York na semana passada.

Para as corporações muito endividadas, o FMI sugere uma combinação de venda de ativos ou redução no pagamento de dividendos e investimentos como forma de equacionar os passivos das empresas.

Outra consequência das políticas monetárias dos bancos centrais é uma realocação nas carteiras de grandes investidores institucionais, como gestoras de recursos, seguradoras e fundos de pensão.

Com juros baixos, esses agentes são estimulados a buscar ativos de maior risco, atrás de ganhos maiores. Isso pode distorcer a formação de preços dos ativos financeiros, formando bolhas em determinados mercados. "Enquanto os benefícios dessas políticas monetárias são evidentes, os efeitos colaterais precisam ser monitorados e controlados", ressalta o documento.

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