Dinheiro saindo pela janela: fluxo acumulado na década é de quase US$ 5,9 trilhões (GettyImages)
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 16h06.
São Paulo - De 2002 a 2011, um total de 192 bilhões de dólares provenientes de crime, corrupção e evasão de impostos deixou o Brasil.
O número anual dobrou entre 2002 e 2005, de US$ 8,8 bilhões para US$ 16,8 bilhões, e caiu apenas em 2006, para US$ 10,6 bilhões.
Em 2007, voltou a crescer, para US$ 17,3 bilhões, e dobrou até 2011, quando atingiu US$ 34 bilhões.
Não há dados disponíveis para 2012 ou 2013. Levando em conta os 10 anos, o aumento na média anual foi de 315%.
O levantamento foi feito com 150 países pela Global Financial Integrity com o apoio da Ford Foundation e da Financial Transparency Coalition.
O cálculo é feito com base em discrepâncias nos dados da balança de pagamentos e faturas de comércio internacional com valores manipulados.
No mundo
China, Rússia e México lideram em números absolutos. O Brasil está na 6a posição.
Um total de US$ 946,7 bilhões ilegais deixaram os países em desenvolvimento só em 2011, aumento de 13,7% em relação a 2010.
O valor das perdas em 2011 equivale a 3,7% do PIB total destes países e é 10 vezes maior do que os US$ 93,8 bilhões que estes mesmos 150 países receberam como ajuda ao desenvolvimento oficial no mesmo ano.
No acumulado da década, um total de US$ 5,9 trilhões ilegais foram enviados para fora do mundo em desenvolvimento.
Em 2002, o total de perdas foi de US$ 201,2 bilhões - o aumento na média anual registrado entre 2002 e 2011 é da ordem de 244,2%.
Oriente Médio e Norte da África tIveram o maior crescimento anual (31,5%) e a América Latina teve o menor (3,1%).
Metodologia
O time de economistas responsável pelo estudo aponta que o número provavelmente está subestimado pois não são levadas em conta transações em dinheiro vivo, por exemplo.
A relação entre crescimento e fuga de capital é complicada. Em alguns lugares com a Índia, mais dinheiro sendo movimentado na economia levou a um aumento também no fluxo ilegal para o exterior.
Por outro lado, uma perspectiva de crescimento mais sólida aumenta a confiança. Com isso, os donos do capital ilegal podem se ver motivados a investir na economia real dentro do próprio país - foi o que aconteceu no caso do México, por exemplo.