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Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2010 às 16h41.
São Paulo - A flexibilização do iuan tende a ter um impacto positivo para o real ante o dólar. Mas ele seria restrito, a princípio, em razão da pequena correlação entre a divisa brasileira e o renminbi e da perspectiva de um movimento tímido da moeda chinesa, disseram especialistas neste sábado.
Em comunicado neste sábado, o Banco Popular da China disse que "é desejável prosseguir adiante com a reforma no regime da taxa de câmbio RMB e aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio RMB". Mas alertou que "não havia base para grandes flutuações".
"O impacto nos mercados de modo geral, a princípio, deve ser pequeno porque a sinalização é de uma variação muito pequena na taxa de câmbio chinesa", disse Marcelo Tomasoni, chefe da mesa de volatilidade da corretora CM Capital Markets.
E, no caso do real, a reação também tende a ser fraca porque a correlação entre as moedas é pequena, acrescentou o especialista.
Tony Volpon, estrategista para America Latina do Nomura Securities, também avalia que a indicação é de que o movimento em relação à taxa de câmbio será pequeno, mas pode ser considerado positivo e levar moedas como o real a se apreciarem.
Na visão de Arthur Carvalho Filho, economista-chefe da Ativa Corretora, a flexibilização não tem muito impacto na taxa de câmbio chinesa porque somente a conta corrente é aberta, e essa já está tendo um superávit cada vez menor.
"Com a conta capital fechada, a flexibilização tem impacto pequeno sobre a taxa", afirmou. Ele disse, contudo, que a notícia é positiva ao mostrar um comprometimento da China com a comunidade internacional. Mas ele também avalia um impacto pequeno nas cotações do real.
Comércio exterior
No caso do comércio exterior brasileiro, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que é preciso aguardar mais detalhes para saber o impacto da medida.
"Acho que o importante é completar a notícia, se for pura e simplesmente uma mudança para valorização do iuan, acho que é positivo para gente", afirmou à Reuters Rodrigues, por telefone.
Ele lembrou que um iuan eventualmente mais forte frente ao dólar poderá elevar o poder de compra dos chineses, grandes importadores de commodities do Brasil, beneficiando as exportações brasileiras. "É de se esperar que ocorra isso."
O país asiático é o principal comprador da soja produzida no Brasil, além de ser o maior cliente da Vale.