Rebaixamento: de acordo com a Fitch, os ratings da Petrobras estão apoiados pela importância estratégia da companhia para o Brasil, por sua posição de liderança no mercado doméstico de energia do país e por sua reconhecida expertise em exploração e produção offshore (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2015 às 14h20.
São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch reafirmou o rating em moeda estrangeira e local da Petrobras em BBB-, com a perspectiva negativa. A decisão é anunciada após o rebaixamento hoje do rating do Brasil, de BBB para BBB-, também com perspectiva negativa.
De acordo com a Fitch, os ratings da Petrobras estão apoiados pela importância estratégia da companhia para o Brasil, por sua posição de liderança no mercado doméstico de energia do país e por sua reconhecida expertise em exploração e produção offshore.
Por outro lado, pesa sobre a nota da empresa suas "métricas de proteção de crédito fracas", a "exposição à interferência política local" e a "vulnerabilidade de longo prazo a flutuações nos preços das commodities internacionais", bem como o risco pelas mudanças no câmbio e o fato de que sua receita se concentra no mercado doméstico.
"As métricas de crédito da Petrobras devem permanecer fracas ao longo dos próximos dois ou três anos, devido a seus altos níveis de endividamento e aos preços deprimidos dos hidrocarbonetos globais", diz a Fitch. "A perspectiva negativa reflete a perspectiva negativa para o rating soberano do Brasil."
Na avaliação da agência, as métricas de crédito da companhia não são consistentes com outras grandes companhias privadas do setor de petróleo e gás que têm grau de investimento.
A companhia reportou uma dívida financeira total de aproximadamente US$ 134 bilhões, de acordo com o comunicado da Fitch. O fluxo de geração de caixa da empresa deve permanecer sob pressão, diante da desvalorização do real e da queda nos preços do petróleo, apesar da alta recente no preço e da redução de despesas de capital.
A alta no preço foi apontada pela agência como "marginalmente positiva", já que demonstra a capacidade da Petrobras de ajustar os preços para cima, mesmo em períodos de desaceleração econômica no Brasil e de queda global nos preços do petróleo.
A redução nos investimentos de capital pode reduzir um pouco a pressão sobre o fluxo de caixa da empresa, mas ainda não está claro qual seu impacto para o crescimento da produção no longo prazo.
A Fitch acredita que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Petrobras pode cair de um nível anualizado de aproximadamente US$ 27,9 bilhões no primeiro semestre para um patamar anualizado de US$ 23,5 bilhões no segundo semestre desde ano, no câmbio atual de quase R$ 4 por dólar e após a alta nos preços.
A agência diz que a atual diferença de preços entre os produtos domésticos e o mercado internacional "é insustentável no longo prazo", esperando que essa diferença diminua com o tempo, eliminando ganhos temporários. "A Petrobras atualmente se beneficia dos preços baixos do petróleo internacional, já que é um importador líquido", aponta a agência.
A alavancagem da empresa, medida pela relação entre a dívida total e o Ebitda, deve permanecer superior a 5x no médio prazo e recuar apenas se o plano de venda de ativos for bem-sucedido.
A Fitch ainda aponta que o potencial para crescimento da produção da empresa diminui ao longo do último ano, como resultado do escândalo de corrupção e de reduções forçadas nos gastos de capital.
A agência acredita que a produção bruta da companhia aumente para aproximadamente 3,1 milhões de barris de petróleo equivalente ao dia ao longo dos próximos dois ou três anos, mantendo-se relativamente estável ao longo dos dois anos seguintes.
A Fitch avalia que há "vários desafios" para que a Petrobras atinja suas metas, como o impacto do escândalo de corrupção em sua cadeia do fornecedores, compromissos com o uso de conteúdo local e a obtenção de financiamento externo para rolar dívidas.