Economia

Firjan lamenta calamidade no RJ e cobra ajustes do governo

Para a federação, a crise no estado tem a mesma causa que a federal: orçamento comprometido com custos obrigatórios e queda de receita


	Crise: "o problema fiscal brasileiro é de grande magnitude, não será resolvido no curto prazo", diz texto da Firjan
 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

Crise: "o problema fiscal brasileiro é de grande magnitude, não será resolvido no curto prazo", diz texto da Firjan (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2016 às 11h46.

Rio - A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) criticou a decretação de estado de calamidade pública nas finanças do Estado do Rio de Janeiro, publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (17) e cobrou do governo estadual medidas para "ajustar as despesas à capacidade de arrecadação de tributos".

"O Sistema Firjan lamenta a decretação do estado de calamidade pública pelo governo do estado do Rio de Janeiro. A grave crise financeira que o Estado atravessa hoje não é recente nem exclusiva do Rio de Janeiro. O problema das contas públicas estaduais e municipais, como já foi alertado pelo Sistema Firjan, é estrutural e semelhante ao enfrentado pelo governo federal. Está relacionado ao elevado comprometimento dos orçamentos com gastos obrigatórios, o que em momentos de queda de receita se traduz em elevados déficits", diz nota divulgada pela federação.

A Frijan defende que seja estendida aos Estados a proposta de emenda constitucional (PEC) enviada do governo do presidente em exercício, Michel Temer, que fixa teto para os gastos públicos. A proposta limita as despesas federais ao valor gasto no ano anterior, corrigido pela inflação daquele ano.

"O problema fiscal brasileiro é de grande magnitude, não será resolvido no curto prazo, e muito menos sem as reformas estruturais há muito defendidas. De imediato, o Sistema Firjan entende como fundamental estender aos Estados os efeitos da PEC que limita o crescimento dos gastos públicos à variação da inflação", diz o texto.

"Tal medida precisa, no entanto, ser complementada por um amplo programa de venda de ativos e uma reestruturação das contas públicas do Estado do Rio, com base na revisão completa das prioridades orçamentárias que ajuste as despesas à capacidade de arrecadação de tributos".

Em entrevista na noite desta sexta-feira (17), o governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles (PP), disse que o decreto tem por objetivo "mostrar para a sociedade a calamidade financeira que vive o Estado" e anunciou que serão tomadas "medidas duras" para enfrentar o colapso financeiro, sem detalhar quais são.

No decreto, o governo do Estado cita dificuldades para honrar compromissos assumidos para a realização da Olimpíada, que começa no dia 5 de agosto.

A decretação da calamidade financeira, a 49 dias do início dos Jogos Olímpicos, foi acertada por Dornelles com o presidente em exercício, Michel Temer, na noite de quinta-feira (16) em jantar que teve a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do prefeito Eduardo Paes (PMDB), do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e do PMDB-RJ, Jorge Picciani, da secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, e do secretário secretário-executivo do Programa de Parceria em Investimentos (PPI), Moreira Franco.

O governo do Estado pleiteia ajuda emergencial de R$ 3 bilhões, que devem ser liberados por meio de medidas provisórias editadas pelo governo federal na próxima semana.

Os recursos serão destinados à conclusão das obras da linha 4 do metrô, que liga Ipanema (zona sul) e Barra da Tijuca (zona oeste), principal área de competições dos Jogos Olímpicos, e ao pagamento de salários de funcionários públicos e de benefícios de policiais militares.

Em nota, a Fundação Getúlio Vargas elogiou a iniciativa de Dornelles.

"A declaração de estado de calamidade pública no âmbito da administração financeira, pelo governador em exercício, Francisco Dornelles, é uma medida exemplar e corajosa que permite trazer à tona a dificílima realidade fiscal do Estado do Rio de Janeiro. A decisão abre espaço para a implementação, com total transparência de medidas absolutamente necessárias e inadiáveis para a recuperação do Estado", disse o presidente da FFC, Carlos Ivan Simonsen Leal.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCrises em empresasEstados brasileirosMetrópoles globaisRio de Janeiro

Mais de Economia

Temos um espaço muito menor para errar, diz Funchal sobre trajetória da dívida pública

Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil recairá sobre grandes empresas, diz Rodrigo Maia

A crescente força das gerações prateadas no Brasil

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje