Supermercado: grupos Habitação e Alimentação foram atores fundamentais para formação da taxa (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2014 às 15h33.
São Paulo - O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, disse nesta quinta-feira, 2, que espera que a inflação de outubro na capital paulista seja praticamente o dobro da observada em setembro.
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ele informou que projeta IPC de 0,40% para o décimo mês de 2014 e afirmou que o grupo Alimentação permanecerá como o maior vilão da inflação no período.
Hoje, a Fipe divulgou que o IPC de setembro registrou taxa de 0,21% ante 0,34% em agosto.
O número superou o intervalo de estimativas dos economistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, já que eles aguardavam inflação de 0,07% a 0,17% para o período. Ficou, entretanto, colado à expectativa de Chagas, que era de uma taxa de 0,22%.
Para o coordenador, a taxa apurada no mês passado veio sem surpresas e de acordo com o cenário observado nas divulgações quadrissemanais da Fipe.
No período, os grupos Habitação e Alimentação foram os atores fundamentais para a formação da taxa, mas inverteram os papéis de agosto, quando o primeiro pressionou o IPC para cima e o segundo aliviou o índice.
Segundo a Fipe, o grupo Habitação, favorecido principalmente por uma queda de 6,74% da conta de telefone fixo, apresentou declínio de 0,22% em setembro ante alta de 1,20% em agosto.
A Alimentação, por sua vez, saiu de um recuo de 0,43% no oitavo mês de 2014 para um avanço de 0,72% no mês seguinte, quando avanços de 3,02% da carne bovina, de 5,94% do frango e de 7,20% no preço do arroz exerceram grande pressão.
Especificamente para outubro, Chagas espera que a Alimentação assuma um papel maior de impacto no IPC, já que continua esperando preços em alta de carnes, aves e suínos para o período.
Somado a esses detalhes nada desprezíveis, aguarda também um cenário menos favorável dos preços de alimentos industrializados e In Natura do que o verificado em setembro, quando o primeiro segmento recuou 0,02% e o segundo apresentou baixa de 0,78%.
Para o coordenador do IPC, a aceleração prevista para outubro para a inflação geral não é das mais preocupantes, pois está de acordo com a sazonalidade do último trimestre de cada ano.
Ele, por sinal, não vê grandes sinais de pressão nos preços na capital paulista para os últimos meses de 2014, apesar de estar atento às recentes oscilações do dólar ante o real.
"A aceleração deve seguir para níveis comportados", comentou Chagas, que continua com a projeção de uma taxa acumulada de 5,5% para o ano, com viés de baixa.
"Não espero um avanço explosivo no último trimestre de 2014", disse, acrescentando que, no acumulado de 12 meses, há uma tendência de desaceleração da taxa, que, em setembro foi de 5,45% ante 5,49% até agosto.