A Finlândia não está acostumada com imigração em massa e o governo está sofrendo para lidar com a situação (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2015 às 19h30.
São Paulo - O governo finlandês propôs aumentar temporariamente o imposto de renda da parcela mais rica da população para acolher um número maior de refugiados e equilibrar as contas do país.
A proposta, denominada "imposto da solidariedade", foi lançada na semana passada pelo ministro das Finanças e faria o país receber um número dez vezes maior de pessoas que fogem, principalmente, da guerra civil na Síria.
No começo do mês, o país dobrou a estimativa para o número de requerimentos de asilo recebidos neste ano, para 30 mil.
No ano passado, a Finlândia recebeu apenas 3.600 pedidos. O aumento do fluxo de pessoas deve custar € 114 milhões (R$ 494 milhões) aos cofres finlandeses.
Para aumentar o número de refugiados acolhidos no país, segundo a Telesur, o governo também vai reduzir de US$ 360 (R$ 1.381) para US$ 226 (R$ 867) a ajuda destinada aos refugiados que chegam ao país e também deve cortar o orçamento de programas de integração.
A Finlândia não está acostumada com imigração em massa, e o governo de centro-direita está sofrendo para lidar com a situação em meio a profundos cortes de gastos e aumento do desemprego no país abalado pela recessão.
A economia do país está encolhendo pelo quarto ano consecutivo devido à fraca demanda dos mercados e problemas europeus e russos que afetam suas principais indústrias de exportação, incluindo a tecnologia.
De acordo com a Bloomberg, o déficit orçamentário do país deve ir até 2019.
Além da proposta de criar mais impostos para viabilizar o acolhimento dos refugiados, o governo também propôs outras medidas de contenção de despesas como cortes de gastos parlamentares e a redução de feriados.
Exemplo
Antes do anúncio das medidas, o premiê finlandês Juha Sipila, afirmou no começo do mês que vai colocar sua casa no norte do país à disposição dos refugiados.
Sipilla --ex-executivo de telecomunicações-- disse que aqueles que estiverem procurando asilo podem ficar na sua casa, em Kempele, a partir do início de 2016.
Sipila, que tem uma outra casa perto da capital, Helsinque, além da residência do governo, disse que o prédio em Kempele está sendo pouco utilizado no momento.
"Devemos todos olhar no espelho e nos perguntar como podemos ajudar", disse, em entrevista à emissora nacional YLE.
Dias depois, o líder do Banco da Finlândia, Erkki Liikanen, afirmou que vai doar um mês de seu salário à Cruz Vermelha finlandesa.
"Sei que este dinheiro vai chegar a quem mais necessita. Cada um faz o que sente que deve fazer dentro das suas possibilidades", escreveu ele em sua página do Facebook.
Liikanen presidiu a organização entre 2008 e 2014.