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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Rio de Janeiro- O fim dos incentivos fiscais iniciados pelo governo no ano passado, como a redução de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) em bens duráveis como produtos de linha branca e automóveis, diminuiu a intenção de consumo no segundo trimestre deste ano. Mas em compensação, a antecipação de compras provocada pelos benefícios fiscais no ano passado levou o consumidor a torna-se mais cauteloso com novas dívidas em 2010 - o que levou a diminuição na quantidade de famílias endividadas em junho. A análise é do chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Carlos Thadeu de Freitas. "Mesmo sem o IPI, o ritmo de consumo continua forte este ano", acrescentou o economista.
Nesta terça-feira, 22, a CNC divulgou dois levantamentos: as pesquisas nacionais de Intenção de Consumo das Famílias (ICF-Nacional) e de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC- Nacional). O universo dos levantamentos abrange 17.800 consumidores em todo o País. Na primeira pesquisa, o indicador de intenção de consumo das famílias, em uma escala de 0 a 200 pontos, recuou de 134,9 pontos para 132,2 pontos, do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o que representou uma queda de 2,0% no período.
Na prática, segundo o economista da CNC Fábio Bentes, o resultado de retração foi fortemente influenciado por comparação com base elevada, referente ao primeiro trimestre de 2010, quando a redução do IPI ainda estava em vigor, em alguns setores como o automotivo. "É certo dizer que houve um recuo na intenção de compra de bens duráveis este ano, o que influenciou esta queda na margem, na intenção de consumo (geral)", comentou Bentes.
No entanto, o especialista fez uma ressalva. Ao se comparar os resultados de intenção de consumo nos primeiros seis meses do ano com o desempenho de igual período em 2008, é possível dizer que as perspectivas de consumo estão equivalentes às registradas no cenário pré-crise.
Ele comentou que o mercado doméstico brasileiro está sendo beneficiado pelo bom momento no poder aquisitivo do brasileiro, que conta com melhores condições no mercado de trabalho e na renda. "Estamos esperando um aumento de 10,8% no volume de vendas no varejo este ano; no ano passado, devido à crise, as vendas cresceram em torno de 5,9%", disse Bentes, acrescentando que, caso a estimativa da CNC se confirme, seria o melhor ano do comércio varejista brasileiro, na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciada em janeiro de 2000, batendo o resultado recorde de 2007, quando as vendas do comércio subiram 9,7%.
Na segunda pesquisa sobre débitos, a CNC informou que o porcentual de endividados, entre os pesquisados para análise, ficou em 54,0% em junho, o menor do ano, e abaixo da taxa apurada em maio (58,7%). O porcentual de inadimplência, que ficou em 7,8% dos entrevistados, também foi o menor de 2010.
Mas o porcentual de famílias endividadas pode mudar nas próximas apurações da pesquisa, de acordo com a economista da CNC, Marianne Hanson. Ela comentou que a queda no endividamento dá mais fôlego às famílias para assumirem novas dívidas. A especialista não espera, no entanto, que o ritmo de endividamento suba para níveis registrados no primeiro semestre do ano passado, visto que em 2009 a intenção de consumo foi puxada para cima por conta de incentivos fiscais, como o IPI. "Mas mesmo sem o IPI, as pessoas vão continuar a assumir dívidas. Não tanto quanto em 2009, mas continuarão a usar o crédito", comentou.
De acordo com a pesquisa, o cartão de crédito é a modalidade preferida do consumidor, sendo citada por 71,6% dos entrevistados em junho deste ano, seguida por carnês (24,6%) e crédito pessoal (11,9%).