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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.
São Paulo - A primeira queda mensal na atividade da indústria paulista desde fevereiro de 2009 não preocupa a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade considerou o recuo de 0,4% no Indicador do Nível de Atividade (INA) em abril, com ajuste sazonal, como uma acomodação decorrente, em parte, do fim dos incentivos fiscais para a compra de automóveis e eletrodomésticos da linha branca (fogões, geladeiras, lavadoras e tanquinhos).
"Não dá para dizer que esse resultado é um sintoma de perda de vigor. A indústria deve manter o crescimento, mas em ritmo menor", afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade (Depecon).
No cálculo sem ajuste sazonal, o nível de atividade industrial registrou queda de 5,6% em abril ante março. Em relação a abril de 2009, o INA aumentou 13,6% no mês passado. O diretor diz que, apesar do recuo do INA, a produção não foi muito afetada, tanto que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) cresceu de 80,8% em março para 82% em abril - um nível considerado "comportado e saudável".
O que de fato pressionou o indicador do nível de atividade foi a queda nas vendas da indústria, uma das quatro variáveis que compõem o INA. As outras são horas trabalhadas, salários e utilização da capacidade de produção. "Isso foi consequência do término, em março, dos programas de incentivo fiscal no setor automobilístico e de eletrodomésticos da linha branca. Houve um grande esforço de antecipação de vendas e faturamento", afirmou Francini. Para ele, a queda nas vendas foi temporária.
Perdas zeradas
Apesar da queda de abril, a atividade industrial ficou positiva (1,4%) pela primeira vez no acumulado de 12 meses desde o início da crise, em setembro de 2008. Com isso, a indústria paulista praticamente zerou as perdas desde aquele período. A atividade está apenas 1,5% abaixo da registrada em setembro de 2008, algo que deve ser recuperado já em maio, segundo expectativa da Fiesp.
De acordo com Francini, ao ritmo que estava antes de abril, a indústria paulista cresceria de 16% a 17% em 2010. "Não temos nem logística para isso", disse. Com a desaceleração, ela deve crescer 13%.
Na análise por setores, o de máquinas e equipamentos, um dos mais afetados pela crise, continuou a apresentar elevação de atividade. O INA do setor subiu 2,7% com ajuste em abril ante março e teve aumento de 50,8%, sem ajuste, ante abril de 2009. No acumulado de 12 meses, contudo, o índice ainda é negativo em 4%.
"Temos convicção de que empresas estão se equipando para atender à demanda futura", afirmou. O resultado positivo do INA do setor se deve ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que prevê crédito com taxa de 4,5% ao ano (até junho) e foi prorrogado até 31 de dezembro (5,5% a partir de julho). O setor automotivo teve queda de 3,2% no nível de atividade em abril ante março, com ajuste sazonal, mas ainda ficou positivo em 21,7% ante abril do ano passado, sem ajuste.