Economia

FGV: melhora confiança do setor de bens de capital

De acordo com Campelo, o setor de bens de capital deu o seu "primeiro sinal de melhora"


	Trabalhadores da construção civil em São Paulo: Campelo afirmou ainda que, além do setor de bens de capital, o de materiais de construção também merece destaque
 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Trabalhadores da construção civil em São Paulo: Campelo afirmou ainda que, além do setor de bens de capital, o de materiais de construção também merece destaque (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2012 às 14h46.

São Paulo - O setor de bens de capital dá o seu primeiro sinal de melhora em dezembro, com a divulgação dos resultados do Índice de Confiança da Indústria, da Fundação Getúlio Vargas, nesta quarta-feira. A confiança no setor subiu 11,2% no mês, na comparação com novembro, acumulando alta de 7,3% no último trimestre deste ano. Em novembro, o índice trimestral acumulava queda de 3,9%. "Há uma melhora da percepção da demanda, da expectativa. Os clientes estão sinalizando: 'se continuarmos assim, vamos voltar a demandar mais produtos'", afirmou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, Aloísio Campelo, em coletiva para divulgação dos resultados da Sondagem da Indústria de Transformação de dezembro.

De acordo com Campelo, o setor de bens de capital deu o seu "primeiro sinal de melhora". Com as melhores perspectivas, a confiança no setor de bens de capital em dezembro ficou 3,4 pontos porcentuais acima da média histórica dos últimos 60 meses. "É um primeiro sinal depois de período muito ruim do segmento. No curto prazo há limitações, porque o segmento é o único das categorias de uso em que há excesso de estoque." O economista explica que, em razão dos estoques ainda altos, não é esperado um salto muito grande de produção de bens de capital no curto prazo.

Em dezembro, 35% das empresas do setor de bens de capital responderam que devem aumentar a produção nos próximos três meses - que inclui dezembro, janeiro e fevereiro e apenas 11,6% acreditam que a produção deve diminuir. Questionados sobre as expectativas para os próximos seis meses, os empresários do setor também se mostraram mais otimistas em dezembro: 56,6% responderam que a situação deve melhorar. Em novembro, esta proporção era de 32,4%. Apenas 5% das empresas do setor acreditam que a situação vai piorar nos próximos seis meses.


"A produção de bens de capital ainda está no terreno negativo, embora tenha apresentado evolução no segundo semestre. Do ponto de vista da confiança, o segmento não apresentava melhora, mas agora temos esse sinal (positivo) pelo menos de duas frentes", comentou Campelo, em referência à expectativa de aumento na produção do setor e às perspectivas de negócios para os próximos seis meses. "A indústria como um todo está moderadamente otimista e é um otimismo que está se mantendo", completou o economista.

Campelo afirmou ainda que, além do setor de bens de capital, o de materiais de construção também merece destaque nos resultados de dezembro. Neste mês, o ICI do segmento subiu 5,6%, convergindo para a média histórica (113,5 pontos alcançados em dezembro, com média histórica de 113,4 pontos). "A desaceleração que vimos no segundo semestre pode estar começando a passar no segmento de materiais de construção", disse. Ele ressalta que a melhora no ICI do setor pode estar ligada à aproximação de grandes eventos esportivos, retomada de obras importantes e alguma reação no mercado residencial.

"É um sinal favorável de dois segmentos da indústria de transformação que têm relação com o investimento, depois de alguns meses de resultados fracos. Pode ser que seja um primeiro sinal de recuperação", comentou Campelo. A conversão da confiança mais alta dos setores em aumento de produção, de acordo com o economista, vai depender da concretização das vendas no primeiro trimestre de 2012, "boa parte delas sinalizada pelos clientes". "A recuperação continua sendo considerada gradual, mas essa confiança de bens de capital e matérias de construção pode confirmar um novo patamar de satisfação com o ritmo dos negócios e de otimismo com relação ao futuro", completou.

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