Grãos de soja depositados em caminhão: a soja é um exemplo de produto que tem passado por correções, após constatação de que perdas não haviam sido tão intensas (REUTERS/Enrique Marcarian)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 15h30.
Rio - A estiagem do início de 2014 deixou consequências maiores do que o esperado num primeiro momento, embora a seca "já tenha sido debelada", avaliou, nesta quarta-feira, 16, o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Para ele, a intensidade foi determinante para que os índices de inflação registrassem recordes históricos. Divulgada hoje, a segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de abril, de 0,83%, foi a maior para o mês desde 2004 (+0,98%).
"O primeiro movimento (de alta de preços) pode ser exagerado. Por preocupação, a compra é antecipada, o que eleva a demanda", exemplificou Quadros. Apesar disso, ele acrescentou que esse "exagero" foi localizado, principalmente em commodities, sem grandes dimensões para ter provocado os recordes.
A soja é um exemplo de produto que tem passado por correções, após a constatação de que as perdas não haviam sido tão intensas.
Os preços do grão no atacado caíram 1,47%, contra elevação de 4,25% na segunda prévia do IGP-M de março. Outras matérias-primas brutas, como café, têm beneficiado a inflação e contribuído para a desaceleração do índice.
Apesar disso, Quadros ressaltou que os preços das commodities não vão recuar tudo o que subiram ao longo deste ano. "Houve perda de safra, e a reposição será só no ano que vem", destacou.
Outra questão importante, de acordo com o superintendente, é que a desaceleração do IGP-M na segunda prévia de abril (de 1,41% em março) não foi generalizada.
Carnes e outros produtos derivados da pecuária, como leite, ainda estão em aceleração no atacado. "E não é garantia de que tenha chegado ao limite. É possível que esteja gerando mais aumentos de custos, que vão chegar ao varejo", ressaltou Quadros.
Nos preços ao consumidor, hortaliças e legumes desaceleraram de 14,46% para 7,74%, já num primeiro sinal de arrefecimento dos produtos in natura. Apesar disso, os alimentos derivados de carne e leite, segundo o superintendente, devem demorar a seguir o mesmo comportamento.
"Por mais que tenha desaceleração (nos preços de carnes), voltar a cair será muito difícil", disse Quadros, lembrando que, além da estiagem, os preços de carnes são impulsionados pela alta na demanda externa.