Economia

FGV estima crescimento de 1,4% no PIB no 1º trimestre

Comparação do crescimento é com os três últimos meses de 2010

Mesmo com as medidas macroprudenciais lançadas pelo governo, a economia doméstica ainda se encontra relativamente aquecida (FGV)

Mesmo com as medidas macroprudenciais lançadas pelo governo, a economia doméstica ainda se encontra relativamente aquecida (FGV)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 14h00.

Rio de Janeiro - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 1,4% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o quarto trimestre do ano passado. A estimativa foi divulgada no Boletim Macro Ibre, nova publicação mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), lançado hoje pela entidade. Para o economista da instituição, Regis Bonelli, mesmo com as medidas macroprudenciais lançadas pelo governo, a economia doméstica ainda se encontra relativamente aquecida, o que seria um sinal de alerta importante para compor as expectativas de inflação em 2011.

Segundo Bonelli, a projeção do Ibre/FGV para o PIB acumulado em quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2011 - dado ainda não anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - é de 6,3%, o que é considerado um patamar elevado, para o especialista. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, o PIB do primeiro trimestre deste ano deve subir 4,2%. "As medidas do governo, de elevar juros, de conter um pouco o crédito, estão surtindo efeito, mas de forma muito lenta. Acredito que possam conduzir a um desaquecimento do mercado doméstico, mas de forma muito gradual", assinalou Bonnelli. Ele acrescentou que o consumo das famílias deve crescer 1,3% no primeiro trimestre deste ano, ante o quarto trimestre do ano passado, com taxa positiva de 6,7% no acumulado dos quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2011.

Indicadores

As projeções para segmentos dentro da economia também pesquisados pelo Ibre/FGV mostram taxas de crescimento, em outros níveis de atividade, mais fracas do que as registradas no ano passado, mas também apontam sinais de demanda ainda aquecida. Estimativas citadas pelo economista da instituição Aloísio Campelo mostram que a produção industrial deve continuar crescendo este ano, mas a taxas inferiores às apuradas do comércio.

"Estamos estimando um crescimento entre 2,7% e 3% para a produção industrial este ano, e as vendas do comércio varejista devem subir quase o dobro disso, acima de 5% este ano", afirmou Campelo. Estas taxas são inferiores às registradas no ano passado, quando a produção industrial cresceu 10,5% em 2010; e o comércio varejista mostrou salto recorde de 10,9%. Campelo justificou as projeções considerando que a atividade industrial, ainda se recuperando dos efeitos negativos da crise global, está com menor ímpeto - mas, ao mesmo tempo, as vendas do comércio varejista ainda crescem a taxas expressivas, devido à continuidade do aquecimento da demanda doméstica.

O mercado de trabalho, por sua vez, mostra desaquecimento, mas ainda em ritmo lento. O economista do Ibre/FGV Rodrigo Leandro de Moura informou que a previsão do instituto para a taxa de desemprego em abril, ainda não anunciada pelo IBGE, é de 6,6%, levemente acima da taxa apurada em março, de 6,5%. Mas a avaliação do especialista é de que o desemprego este ano seja mais intenso entre trabalhadores com escolaridade mais baixa. Ou seja: o desemprego deve atingir menos os empregados mais especializados, com salários mais elevados.

Para Moura, a renda média real deve continuar em crescimento, a não ser que as medidas macroprudenciais de elevação de juros e contenção de crédito afetem de alguma forma a estabilidade do emprego dos mais escolarizados. Isso deve ajudar a compor um bom cenário no poder aquisitivo da população, este ano.

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