Economia

FGTS serviu para diminuir endividamento de famílias, diz IBGE

Também contribuíram para a alta no consumo a inflação menor, os juros mais baixos, mais crédito e melhora do mercado de trabalho

FGTS: consumo das famílias cresceu 1,2% no terceiro trimestre ante o segundo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

FGTS: consumo das famílias cresceu 1,2% no terceiro trimestre ante o segundo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de dezembro de 2017 às 13h04.

Rio - A liberação das contas inativas do FGTS ocorreram no segundo trimestre, mas continuaram impulsionando o consumo das famílias, que cresceu 1,2% no terceiro trimestre ante o segundo, conforme os dados do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados nesta sexta-feira, 1º de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, afirmou que a medida do governo Michel Temer teve um efeito cumulativo. "O FGTS também serviu muito para fazer diminuição do endividamento das famílias. Isso tem efeito para frente", disse Rebeca.

Além disso, conforme a pesquisadora, contribuíram para a alta no consumo a inflação menor, os juros mais baixos, mais crédito e melhora do mercado de trabalho.

FBCF

O crescimento de 1,6% na formação bruta de capital fixo (FBCF) no terceiro trimestre ante o segundo foi o principal destaque do PIB pela ótica da demanda, conforme Rebeca Palis. Como informou mais cedo o IBGE, o PIB do terceiro trimestre cresceu 0,1% ante o segundo trimestre.

Foi a primeira alta da FBCF na série com ajuste sazonal após 15 trimestres de queda. Por isso, Rebeca sugeriu relativizar o crescimento. "Depois de 15 trimestres de queda tem uma base de comparação muito deprimida", afirmou a pesquisadora do IBGE.

Como a construção civil continua em queda, ainda que em ritmo um pouco menor, o destaque na FBCF foram os bens de capital. Rebeca destacou que a produção de bens de capital, incluindo a produção de caminhões e ônibus, subiu no terceiro trimestre. Assim, tanto a produção nacional quanto a importação de bens de capital contribuíram positivamente para a alta nos investimentos.

"O desempenho negativo da construção foi parcialmente compensado pelo crescimento de bens de capital", disse Rebeca, que ressaltou ainda o efeito da redução dos juros. "A queda dos juros, já há bastante tempo, também influencia muito nessa parte de investimentos", afirmou Rebeca.

Impostos

Os impostos sobre produtos estão ajudando no crescimento do PIB brasileiro, ressaltou Rebeca Palis. Os impostos sobre produtos cresceram 2,5% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo trimestre do ano passado, segundo os dados das Contas Nacionais Trimestrais.

"Os impostos estão ajudando o PIB. E isso por quê? Porque a indústria de transformação está puxando. A indústria registrou elevação de apenas 0,4% no terceiro trimestre puxada para baixo pela construção civil. Mas a indústria de transformação cresce e paga muito imposto. E tem o imposto sobre importação de produtos, que cresceu também bastante no terceiro trimestre", justificou Rebeca.

A indústria de transformação teve crescimento de 2,4% no terceiro trimestre de 2017 ante o terceiro trimestre de 2016. No mesmo período, a importação de bens e serviços aumentou 5,7%.

Os movimentos são influenciados também pelo aumento no consumo das famílias, que cresceu 2,2%."Consumo das Famílias é claramente o que puxa o crescimento do PIB", concluiu Rebeca.

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