Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, na coletiva de imprensa de 14/12 (Pete Marovich/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 17h12.
Última atualização em 14 de dezembro de 2016 às 19h07.
São Paulo - O Federal Reserve anunciou hoje uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos, levando a taxa base para a faixa entre 0,5% e 0,75%.
A decisão foi unânime e já era esperada pelo mercado. Foi a segunda alta em uma década; a última havia sido em dezembro de 2016.
Naquela época, a previsão era que o ano teria quatro altas e que os juros encerrariam 2016 em 1,4%.
O Fed hesitou em agir ao longo do ano diante de fatos inesperados que poderiam prejudicar a recuperação, como a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Meus colegas e eu estamos reconhecendo o progresso considerável que a economia fez em direção ao nosso objetivo duplo de emprego máximo e estabilidade de preços", disse Janet Yellen, presidente do Fed, na coletiva de imprensa.
A decisão de hoje representa mais um passo no desmonte da política monetária frouxa estabelecida pelos Estados Unidos como reação à crise financeira de 2008.
O Fed justificou a nova alta citando a força do mercado de trabalho americano e a volta dos níveis de desemprego para o patamar pré-recessão.
Outro fator foi o aumento da taxa de inflação, um pouco mais próxima da meta de 2% ao ano. O Fed prevê três altas de juros (e não mais duas) em 2017.
A expectativa em relação ao Fed fez com que o dólar fechasse hoje em alta ante o real, interrompendo sequência de sete quedas seguidas.
O aumento na curva de juros americana faz com que o país se torne relativamente mais atrativo, o que drena recursos que poderiam ir para emergentes como o Brasil, acentuando seus problemas.
Aalgumas propostas de Donald Trump, como uma política fiscal mais expansionista, podem ter efeito inflacionário nos Estados Unidos.
Isso causaria pressão para que o Fed acelere e intensifique a alta dos juros no futuro, mas esse é um fator que não foi contemplado oficialmente na decisão de hoje.
As novas projeções do Fed para o futuro também não apresentaram grandes mudanças em relação a setembro, quando o cenário-base ainda era a vitória de Hillary Clinton.
"A taxa federal provavelmente continuará, por algum tempo, abaixo do nível que deve prevalecer no longo prazo", diz o comunicado.
Leia na íntegra em inglês:
Information received since the Federal Open Market Committee met in November indicates that the labor market has continued to strengthen and that economic activity has been expanding at a moderate pace since mid-year. Job gains have been solid in recent months and the unemployment rate has declined. Household spending has been rising moderately but business fixed investment has remained soft. Inflation has increased since earlier this year but is still below the Committee's 2 percent longer-run objective, partly reflecting earlier declines in energy prices and in prices of non-energy imports. Market-based measures of inflation compensation have moved up considerably but still are low; most survey-based measures of longer-term inflation expectations are little changed, on balance, in recent months.
Consistent with its statutory mandate, the Committee seeks to foster maximum employment and price stability. The Committee expects that, with gradual adjustments in the stance of monetary policy, economic activity will expand at a moderate pace and labor market conditions will strengthen somewhat further. Inflation is expected to rise to 2 percent over the medium term as the transitory effects of past declines in energy and import prices dissipate and the labor market strengthens further. Near-term risks to the economic outlook appear roughly balanced. The Committee continues to closely monitor inflation indicators and global economic and financial developments.
In view of realized and expected labor market conditions and inflation, the Committee decided to raise the target range for the federal funds rate to 1/2 to 3/4 percent. The stance of monetary policy remains accommodative, thereby supporting some further strengthening in labor market conditions and a return to 2 percent inflation.
In determining the timing and size of future adjustments to the target range for the federal funds rate, the Committee will assess realized and expected economic conditions relative to its objectives of maximum employment and 2 percent inflation. This assessment will take into account a wide range of information, including measures of labor market conditions, indicators of inflation pressures and inflation expectations, and readings on financial and international developments. In light of the current shortfall of inflation from 2 percent, the Committee will carefully monitor actual and expected progress toward its inflation goal. The Committee expects that economic conditions will evolve in a manner that will warrant only gradual increases in the federal funds rate; the federal funds rate is likely to remain, for some time, below levels that are expected to prevail in the longer run. However, the actual path of the federal funds rate will depend on the economic outlook as informed by incoming data.
The Committee is maintaining its existing policy of reinvesting principal payments from its holdings of agency debt and agency mortgage-backed securities in agency mortgage-backed securities and of rolling over maturing Treasury securities at auction, and it anticipates doing so until normalization of the level of the federal funds rate is well under way. This policy, by keeping the Committee's holdings of longer-term securities at sizable levels, should help maintain accommodative financial conditions.
Voting for the FOMC monetary policy action were: Janet L. Yellen, Chair; William C. Dudley, Vice Chairman; Lael Brainard; James Bullard; Stanley Fischer; Esther L. George; Loretta J. Mester; Jerome H. Powell; Eric Rosengren; and Daniel K. Tarullo.