Economia

Fed reduz previsão de crescimento nos EUA para 2014 e 2015

Banco também decidiu anunciar corte de mais US$10 bi em suas injeções mensais de liquidez, destinadas a fazer o crédito fluir e a apoiar a atividade econômica


	Dólar: Fed indicou que cortará de US$ 30 bi para US$ 25 bi suas compras de bônus ligados a títulos hipotecários e de US$ 35 bi para US$ 30 bi suas compras de bônus do Tesouro
 (Susana Gonzalez/Bloomberg)

Dólar: Fed indicou que cortará de US$ 30 bi para US$ 25 bi suas compras de bônus ligados a títulos hipotecários e de US$ 35 bi para US$ 30 bi suas compras de bônus do Tesouro (Susana Gonzalez/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 17h59.

O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) reduziu nesta quarta-feira o teto de sua previsão de crescimento da economia dos Estados Unidos para 2014 e 2015 e, ao mesmo tempo, manteve suas taxas de juros e voltou a reduzir as compras de títulos.

Presidido pela primeira vez por Janet Yellen, o Comitê de Política Monetária (FOMC, na sigla em inglês) do Fed também decidiu, sem surpresa, anunciar o corte de mais US$ 10 bilhões em suas injeções mensais de liquidez, destinadas a fazer o crédito fluir e a apoiar a atividade econômica.

Essas injeções de recursos, que vêm acontecendo há 18 meses, pressionam o dólar e buscam, sobretudo, manter as taxas futuras em baixa para favorecer o investimento e o emprego no país.

Em consonância com o recuo iniciado em dezembro passado, sua aquisição de ativos - em especial de bônus do Tesouro americano - cairá para US$ 55 bilhões, a partir de abril, contra os atuais US$ 65 bilhões, informou o FOMC.

No comunicado, divulgado ao término de uma reunião de dois dias, o Fed indicou que cortará de US$ 30 bilhões para US$ 25 bilhões suas compras de bônus ligados a títulos hipotecários e de US$ 35 bilhões para US$ 30 bilhões suas compras de bônus do Tesouro.

Para apoiar sua decisão, o Fed avalia que a atividade econômica continua a avançar, apesar da onda de frio e do inverno rigoroso que castigam o país e atingem, sobretudo, as transações imobiliárias.

"O crescimento da atividade econômica desacelerou ao longo dos meses de inverno (hemisfério norte), refletindo, em parte, condições meteorológicas difíceis", observou o Comitê, destacando, contudo, "progressos acumulados" em relação a seu objetivo de pleno emprego e de melhoria no mercado de trabalho.

Em fevereiro, a taxa de desemprego era de 6,7% nos Estados Unidos, contra 10% no auge da crise financeira de 2008-2009.


Previsão de crescimento em baixa

O Fed também decidiu manter sua principal taxa de juros perto de zero, seu nível desde 2008. O objetivo é continuar a exercer uma pressão de baixa sobre os créditos de longo prazo.

O Banco Central inovou, porém, ao decidir não relacionar mais uma eventual alta das taxas a uma queda do índice de desemprego até o patamar de 6,5%, como havia feito nos comunicados anteriores.

Como justificativa para essa decisão, o Fed declarou que, a partir de agora, "avaliará o progresso" da economia em relação às metas de pleno emprego e de inflação anual a 2%, sem estabelecer um piso para o índice de desemprego.

"Essa avaliação levará em conta uma vasta série de informações, sobretudo sobre as condições do mercado de trabalho e as pressões sobre a inflação", explicou o FOMC.

O piso de 6,5%, do qual os Estados Unidos se aproximam, vinha sendo considerado obsoleto por um número crescente de especialistas. A variável não estaria refletindo a realidade do mercado de trabalho por não expor o quadro de subemprego, ou a dificuldade para os desempregados de longa data de encontrar uma ocupação.

O Fed já havia minimizado a importância desse limite, reafirmando em diferentes oportunidades que suas taxas diretrizes ficariam próximas de zero "mesmo após" a queda da taxa de desemprego abaixo de 6,5%.

Como acontece todo trimestre, o FOMC também divulgou suas novas projeções econômicas, que mostram um aumento do pessimismo no que diz respeito ao crescimento e um maior otimismo quanto ao emprego.

O PIB dos Estados Unidos crescerá entre 2,8% e 3,0% em um ano no último trimestre de 2014, contra os 2,8% a 3,2% esperados em dezembro.

O anúncio mostra ainda um Fed mais cauteloso para 2015, ano em que a atividade econômica também deve crescer menos do que o previsto, caindo dos 3,0% a 3,4% esperados até agora para 3,0% a 3,2%.

Já em relação ao emprego, o Fed se mostrou mais otimista. Para 2014, espera-se uma taxa de desemprego entre 6,1%-6,3% contra os 6,3%-6,6% anunciados anteriormente. Para 2015, a expectativa é ainda melhor, com o índice entre 5,6%-5,9% contra os 5,8-6,1% previstos até agora.

O índice de desemprego é um dos elementos-chave levados em consideração pelo Fed para decidir manter sua principal taxa de juros próximo de zero.

No caso da inflação, outro elemento essencial na tomada de decisões do Fed, as previsões subiram em relação a 2014 (1,5%-1,6% contra o intervalo de 1,4%-1,6% esperado até o momento). Segundo o comunicado, a meta de inflação buscada pelo Fed, de 2% ao ano, poderá ser atingida em 2015.

Em equilíbrio até a divulgação do comunicado do Fed, Wall Street caiu logo depois. O euro perdia terreno frente ao dólar.

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