Pessoa de máscara protetora recebe desinfetante para as mãos em São Francisco, Califórnia, 14 de julho de 2020. (David Paul Morris/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 28 de julho de 2020 às 16h58.
Última atualização em 29 de julho de 2020 às 19h06.
Para membros do Federal Reserve, como para muitos outros, as últimas seis semanas foram uma eternidade.
Os contratempos no combate ao coronavírus devem levar o presidente do Fed, Jerome Powell, a reforçar nesta semana sua mensagem “dovish" (expansionista) de que as taxas de juros permanecerão próximas de zero por um longo tempo. Dito isso, o banco central dos EUA não deve mudar de estratégia na reunião de 28 e 29 de julho, mesmo diante da mudança de cenário.
Quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) se encontrou pela última vez no início de junho, a contagem diária de novos casos de coronavírus no país havia se estabilizado. Estados como Nova York e Nova Jersey registravam quedas e outros, como Texas, Flórida e Califórnia, ainda não observavam a disparada dos casos que os afetam desde então.
Ainda assim, as perspectivas para a economia que Powell e seus colegas apresentaram eram sombrias. Uma forte recuperação projetada no terceiro trimestre não seria suficiente para reduzir o desemprego em relação aos níveis recessivos nos próximos anos.
Agora, com os EUA tentando controlar uma nova onda, a forte recuperação do terceiro trimestre é incerta. Indicadores econômicos de alta frequência apontam desaceleração, que servirá apenas para reforçar a orientação dovish do FOMC quando o comitê se reunir novamente nesta semana.
“Tínhamos uma quantidade razoável de momentum entrando no terceiro trimestre e muito desse momentum foi minado”, disse Tom Porcelli, economista-chefe para EUA da RBC Capital Markets, em Nova York. “Você pode ver a desaceleração justo quando o número de casos realmente começou a aumentar, e o Fed estará ciente do que aconteceu.”
O banco central dos EUA tem ponderado principalmente duas coisas nos últimos meses, de acordo com as atas das reuniões de abril e junho.
A primeira é se a economia se recuperaria gradualmente ao longo de 2020 da forte retração no segundo trimestre ou se uma segunda onda de surtos de coronavírus no final do ano congelaria essa retomada. Economistas da equipe do Fed haviam destacado que, dado o extraordinário grau de incerteza, ambos os cenários eram igualmente plausíveis.
Observadores do Fed acreditam que a autoridade de política monetária continuará debatendo a estratégia na reunião desta semana e adotará uma nova abordagem na próxima reunião em setembro, quando deve se comprometer a manter a taxa básica de juros onde está, perto de zero, até que certos níveis de inflação e desemprego sejam atingidos.