Economia

Fed alega que Geithner pode ter alertado sobre corte de juro

O Tesouro não disponibilizou Geithner para falar


	Jeffrey Lacker, chefe do Fed em Richmond, originalmente levantou a denúncia em uma conferência do banco em agosto de 2007, e ele manteve sua versão dos fatos sobre o atual secretário
 (Larry Downing / Reuters)

Jeffrey Lacker, chefe do Fed em Richmond, originalmente levantou a denúncia em uma conferência do banco em agosto de 2007, e ele manteve sua versão dos fatos sobre o atual secretário (Larry Downing / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2013 às 10h48.

WASHINGTON - Em 2007, quando nuvens surgiram sobre o sistema financeiro mundial, o então presidente do Federal Reserve de Nova York, Timothy Geithner, teria informado o Bank of America e outras instituições financeiras sobre a possibilidade de o Banco Central dos Estados Unidos baixar uma importante taxa de juros, de acordo com uma autoridade do Fed.

Jeffrey Lacker, chefe do Fed em Richmond, originalmente levantou a denúncia em uma conferência do banco em agosto de 2007, e ele manteve sua versão dos fatos sobre o atual secretário do Tesouro dos EUA em um comunicado recebido pela Reuters na sexta-feira.

"De conversas que tive antes da conferência em 16 de agosto de 2007, fiquei ciente das discussões entre alguns grandes bancos sobre utilizar suas janelas de desconto para apoiar o mercado de papéis comerciais", afirmou Lacker no comunicado. "Meu entendimento era de que o presidente (do Fed de Nova York) Geithner discutiu a redução na taxa de desconto com esses bancos, em conexão com essas iniciativas." De acordo com transcrições da conferência emitidas pelo Fed na sexta-feira, Geithner na época negou que os bancos sabiam que o Fed estava considerando baixar a taxa de desconto. O Fed regularmente divulga transcrições de seus encontros com um atraso de cinco anos.

"Não temos nenhum comentário além das transcrições", afirmou o porta-voz do Tesouro, Anthony Coley. O Tesouro não disponibilizou Geithner para falar.

Informações sobre qualquer mudança nos juros pelo Fed estão entre as mais sensíveis para a economia, já que podem ter grande impacto em vários mercados financeiros em todo o mundo. Esse foi o caso de 2007, quando havia crescentes preocupações sobre a estabilidade financeira e começou a ser formar a crise que alcançaria grandes proporções mundiais no ano seguinte.

A revelação de segredos e informações sensíveis aos mercados pelo banco central seria algo altamente incomum, mas não ficou claro se é ilegal. Também não está esclarecido se as estritas regras internas do Fed foram quebradas, nem se há investigações internas ou externas. Lacker não sugeriu má fé dos bancos como resultado de informações que podem ter recebido.

O banco central realizou um surpreendente corte na taxa de desconto. A ação causou alvoroço nos mercados de ações, com o índice Standard & Poor's 500 chegando ao seu melhor nível em quatro anos e meio.

Em seu comunicado à Reuters, Lacker não disse quais bancos podem ter recebido informações, embora na transcrição de 16 de agosto de 2007 ele afirmou ter discutido o assunto com o então presidente-executivo do Bank of America, Ken Lewis.

Porta-vozes do conselho do Federal Reserve em Washington, do Fed e Nova York, e do Bank of America não quiseram comentar.

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