Federal Reserve: os analistas não esperam alteração nos juros, especialmente após a divulgação do primeiro cálculo de crescimento econômico do 1º trimestre, que foi de 0,7% (Kevin Lamarque/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de maio de 2017 às 16h12.
Washington - O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, iniciou nesta terça-feira uma nova reunião de dois dias sobre política monetária, após a alta das taxas de juros de março, na qual analisará as perspetivas econômicas do país após a constatação de uma fragilidade maior do que o previsto e refletida nos recentes dados de crescimento e inflação.
Os juros estão em um patamar de 0,75% a 1%, e o Fed reiterou a intenção de prosseguir gradualmente com o ajuste monetário, com até mais duas elevações ao longo de 2017.
Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto, órgão que dirige a política monetária do país, divulgarão na quarta-feira o esperado comunicado às 14h (hora local; 15h de Brasília). Desta vez, não haverá entrevista coletiva posterior por parte da presidente do Fed, Janet Yellen.
Os analistas não esperam alteração nos juros, especialmente após a divulgação do primeiro cálculo de crescimento econômico do primeiro trimestre de 2017, que foi de 0,7%, abaixo das expetativas do mercado.
Além disso, a inflação subjacente, que exclui os indicadores mais voláteis de energia e alimentos, caiu 0,1%, marcando a primeira redução nestes preços desde 2010.
Depois de anos abaixo de seu objetivo de uma taxa anual de 2%, a inflação está nesse limite, o que aliado a um índice de desemprego de 4,5%, próximo ao pleno emprego, abriu o caminho para um progressivo encarecimento do preço do dinheiro.
Os novos dados, embora possivelmente transitórios, contrastam com o discurso otimista por parte do presidente Donald Trump, que delineou um programa de estímulo fiscal através do corte de impostos e do aumento das despesas.
Trump prometeu um crescimento anual de mais de 3%, acima dos 2% de méia registrados durante os últimos anos do mandato de seu antecessor, Barack Obama.
No dia 10 de abril, Yellen deu uma palestra na Universidade de Michigan, em Ann Arbor, na qual ressaltou que a missão do Fed agora é "deixar que a economia continue seu curso e se mantenha equilibrada, empurrando um pouco, mas não como se pisássemos forte no acelerador".
Os economistas, por sua vez, consideram que o Fed esperará para ter mais informações para avaliar se esta tendência é temporária ou sólida.
"Embora os mercados não estejam esperando nenhuma mudança em políticas, estarão interessados nos sinais do Fed sobre a economia, especificamente se o banco central se sente confiante que se pode navegar tranquilamente em meio à fragilidade vista em dados como o PIB e a inflação", afirmou Mohamed El-Erian, analista da Bloomberg.
Outro tema a ser tratado no encontro será o mecanismo e o calendário para começar a reduzir em 2017 o avultado balanço de ativos adquiridos pelo Fed para estimular a economia após a crise financeira.
A carteira do Fed passou de apenas US$ 1 bilhão em 2008, antes da crise, para os US$ 4,5 bilhões de agora. Há vários anos, o banco central deixou de comprar ativos, mas continua reinvestindo os lucros obtidos com aquisições prévias em novos ativos.
O Fed cogita várias opções, entre elas simplesmente deixar que estes ativos concluam de uma vez quando vencerem seus prazos ou que sejam eliminados gradualmente.
A próxima reunião do banco central americano, desta vez com pronunciamento de Yellen a jornalistas, está prevista para 13 e 14 de junho.