Para a Febraban, os cortes são possíveis se a economia apresentar ritmo de recuperação fraco e inflação baixa (Divulgação/Banco Central)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2012 às 23h52.
São Paulo – O economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, disse hoje (2) que vê a possibilidade de o Banco Central (BC) reduzir a taxa básica de juros (Selic) para menos de 8,5% ao ano, desde que a economia apresente ritmo de recuperação fraco e inflação baixa.
“Se a economia segue, ou mostra uma trajetória de recuperação mais lenta, e você tiver como consequência, números de inflação mais favoráveis, acho que haveria possibilidade de o Banco Central também fazer cortes adicionais em relação a esses 8,5%”, disse Sardenberg, em entrevista coletiva.
O economista chefe da Febraban ressalvou, no entanto, que ainda é cedo para se prever cortes mais profundos do BC na taxa Selic, já que o desempenho da economia brasileira está atrelado ao cenário econômico externo. “A resposta que a gente vai ter depende muito de como é que a economia vai se comportar, e isso tem a ver, também, com o cenário externo ou, traduzindo isso: cortes adicionais em relação a esse 8,5% acho que [são possíveis] sim, desde que a economia mostre um ritmo de recuperação fraco”.
No pronunciamento do Dia do Trabalho, a presidenta Dilma Rousseff cobrou dos bancos privados mais esforços para reduzir as taxas de juros cobradas em empréstimos, cartões de crédito e no cheque especial. Ela aconselhou o brasileiro a procurar os bancos que ofereçam as taxas mais baixas. De acordo com a presidenta, somente quando os juros nacionais chegarem ao patamar das taxas internacionais, a economia brasileira será plenamente competitiva, saudável e moderna. A Febraban não quis comentar a cobrança da presidenta.
Sardemberg considerou, no entanto, bem-vinda a discussão sobre a alteração das regras da caderneta de poupança. De acordo com ele, seria “razoável” que com a diminuição dos juros, fossem removidas algumas regras “que são antigas, de um período em que a gente tinha inflação muito mais alta”.
“Acho que é bem-vindo [o movimento de alterar as regras da poupança]. É uma questão eminentemente técnica e, nesse contexto, acho que seria um bom movimento. E, pelo que a gente percebe no noticiário, o governo está avaliando diversas possibilidades e a ideia de atrelar [alterações na poupança] à taxa Selic pode ser uma boa alternativa”.
Segundo a pesquisa Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado divulgada hoje pela Febraban, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá ser 3,2% em 2012, a taxa Selic 8,5%, e a taxa de câmbio com o dólar R$ 1,80. De acordo com o levantamento, os bancos pretendem manter a expansão de suas carteiras de crédito a uma taxa de 16%.