Mantega: "Os países que mais vão crescer são os emergentes, como o Brasil, a China, a Índia e a Rússia" (Marcello Casal Jr/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2012 às 18h07.
Brasília - Às vésperas de divulgar os cortes no Orçamento deste ano, o Ministério da Fazenda emitiu sinais sobre o que vem pela frente ao publicar nesta segunda-feira o boletim Economia Brasileira em Perspectiva, numa edição especial. Segundo o documento, o crescimento da economia será mais tímido neste ano e haverá uma forte contenção de despesas.
Segundo o boletim -que traz dados atualizados de janeiro de 2011 a 2 de fevereiro de 2012-, a pasta estima que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 4,5 por cento neste ano, contra 5 por cento na previsão anterior. Ao mesmo tempo, as despesas primárias deverão ficar em 17,5 por cento do PIB, contra cerca de 18,3 por cento que consta da lei orçamentária. A redução representa cerca de 36 bilhões de reais, segundo especialistas.
O governo tem até o final dessa semana para anunciar os cortes no Orçamento deste ano e os novos parâmetros para a economia brasileira, como previsão de receita e despesas. Por enquanto, o Orçamento sancionado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro previa uma alta de 5 por cento do PIB neste ano.
A ideia da Fazenda para os cortes, segundo fontes ouvidas pelas Reuters, era de um contingenciamento em torno de 50 bilhões de reais, ou um valor até inferior, para garantir crescimento, investimentos e o cumprimento da meta cheia de superávit primário -economia feita pelo setor público para pagamento de juros. Mas as discussões ainda continuam dentro da equipe econômica para chegar a um número final.
A redução das despesas que constam no boletim do Ministério da Fazenda também indicam, entre outros, que ocorrerão para permitir a expansão dos investimentos federais. No relatório, a pasta acredita que esses desembolsos vão crescer neste ano, saindo de 19,6 por cento do PIB no ano passado para 20,8 por cento agora.
Sobre as receitas para este ano, no entanto, a Fazenda não menciona qual o cenário que trabalha neste ano.
Para o economista da Tendências Consultoria, Felipe Salto, o crescimento estimado para 2012 ainda está elevado, mas ele acredita que isso dá folga ao governo par reduzir as receitas e conter pressões por gastos de outros poderes.
"O governo vai ter uma justificativa para conter o gasto. E se tiver maior arrecadação até o final do ano, ele libera", afirmou.
Dentro do governo, há outras previsões para a expansão do PIB neste ano, como a do Banco Central, que é de 3,5 por cento.
Longo prazo - O Ministério da Fazenda também apresentou sua visão de longo prazo para o crescimento da economia nos próximos quatro anos pelo boletim. A pasta considera que entre 2011 e 2014, a média de expansão será de 4,8 por cento ao ano, maior do que os 4,6 por cento vistos entre 2007 e 2010.
Para 2013, foi mantida a projeção de expansão em 5,5 por cento para o PIB, mas aumentou de 5,5 para 6,0 por cento o crescimento de 2014. Para 2011, segundo informou a assessoria de imprensa do ministério, também foi mantida a conta de crescimento da atividade em 3,8 por cento, apesar de o ministro Guido Mantega já ter dito que a expansão deve ficar em torno de 3,2 por cento.
"O governo está determinado a estimular a economia rumo a um crescimento médio de 4,8 por cento, com taxa de investimento alcançado 24 por cento do PIB, em ambiente de inflação sob controle e risco de insolvência desprezível", trouxe o documento.
O documento reforçou posição do Banco Central sobre controle da inflação e traz que o IPCA ficará em 4,7 por cento neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação da autoridade monetária divulgado em dezembro. "A expectativa é que a inflação brasileira ao consumidor prossiga em trajetória de declínio, caminhando em direção ao centro da meta para 2012", consta no documento.