Máquinas: no ano passado, o faturamento do setor caiu 13,7% (Andrey Rudakov/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 16h30.
São Paulo - O diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini, afirmou na tarde desta quarta-feira, 25, ser quase impossível fazer previsões para o desempenho do setor este ano considerando a volatilidade das informações econômicas atuais.
"Com esse quadro instável, fica difícil fazer previsões", afirmou.
Segundo Bernardini, a entidade prevê que em 2015 o país entre em recessão, com um PIB negativo de 1% ou 1,5%.
"Isso se chover, se não chover o PIB pode cair em torno de 2%", afirmou.
"Neste quadro fica difícil esperar um crescimento para o setor."
Lembrando que o setor de máquinas e equipamentos vem de três anos consecutivos de queda no faturamento, Bernardini afirmou que para 2015 o recuo deve ser um pouco menor.
"Por conta da base de comparação fraca, esperamos uma queda na cada de um dígito", disse.
No ano passado, o faturamento do setor caiu 13,7%.
O executivo disse ainda que o desempenho do setor e a recuperação da economia como um todo vai depender da "qualidade" do ajuste fiscal que está sendo proposto pelo governo.
"Se o ajuste for calcado em aumento de impostos, que é uma solução recessiva, isso vai piorar o cenário", afirmou, destacando que a entidade defende um ajuste fiscal "porque as contas precisam ser arrumadas".
"Se passarem um pente fino nas despesas públicas, o Brasil conseguiria reduzir custos na ordem de 2% a 3% sem afetar o funcionamento do país", afirmou.
Sem citar nominalmente o atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o executivo alfinetou o mandatário da Fazenda.
"Não é preciso ser um PhD formado em Chicago para fazer ajustes aumentando impostos, isso todo mundo sabe fazer", disse.
Levy é formado na cidade norte-americana. "Defendemos um ajuste que não seja recessivo", reforçou.
Minas Gerais
As demissões continuarão nas indústrias mineiras de máquinas e equipamentos em 2015, porém o desempenho do setor em faturamento no estado pode ser melhor do que nacional.
Conforme o diretor regional de Minas Gerais da Abimaq, Marcelo Luiz Moreira Veneroso, em 2014, as empresas do segmento no estado demitiram cerca de quatro mil funcionários, sendo que, até setembro, os cortes somavam aproximadamente três mil pessoas.
"A sensação em 2015 é de piora no número de demissões. Há empresas em situação financeira muito crítica. Nos últimos anos, a situação no estado é mais crítica do que a do país, porque nossa base é siderurgia, mineração, petróleo e agrícola. Desses segmentos, só o agronegócio que ainda está em um momento favorável", explicou o diretor em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Entretanto, quando se fala em desempenho em faturamento do setor em Minas, Veneroso está mais confiante.
Na sua avaliação, a base de comparação pode fazer com que o Estado tenha uma queda menos acentuada que o segmento nacional.
Em 2014, o faturamento das indústrias de máquinas e equipamentos brasileiras ficou em R$ 71,19 bilhões, recuo de 13,7%.
O estado, que representa 6% do país, apresentou queda de 15%.
"Talvez o Brasil sinta mais do que a gente nesse ano", afirmou.
Veneroso reiterou que, em termos de investimento, o envolvimento das Petrobras em esquemas de corrupção afeta negativamente o setor.
"São dois pontos: a falta de investimento e a de pagamento de pedidos em carteira", disse.