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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - Se o Brasil se confirmar como um dos principais países produtores de petróleo do mundo, sofrerá com a falta de mão de obra especializada. A avaliação é de Paulo Pontes, presidente da unidade brasileira da Michael Page, empresa inglesa especializada em recrutamento de executivos para cargos de média e alta gerência.
Segundo ele, essa carência deverá estar suprida daqui a dez anos, pois várias faculdades estão se especializando na formação de profissionais para o setor de óleo e gás. "Mas hoje não existe mão de obra específica para algumas áreas, como o pré-sal".
Pontes diz que o maior déficit é de engenheiros e geofísicos, principalmente profissionais que exerçam funções técnicas de maquinário, para lidar com ferramentas específicas do setor de óleo e gás.
"Esse é um setor da economia que teve um crescimento muito rápido e vem passando por uma grande transformação nos últimos dez anos. Tivemos as descobertas no Brasil de plataformas de óleo e gás, e a chegada de empresas no mercado em uma concentração muito grande nos últimos cinco anos. E aí começamos a perceber que, para determinadas vagas e perfis, havia escassez de mão de obra", disse Pontes.
Esse não é um problema exclusivo do Brasil. Para o executivo, outros países produtores de petróleo também sentem falta de especialistas. "Todo mundo pede esse profissional e, se ele for competente, vai ter opção de expatriação, de carreira internacional".
Por causa da falta de profissionais especializados, a remuneração para quem atua nessas áreas está alta, de acordo com Pontes. Para geofísicos, por exemplo, que fazem análises dos processos exploratórios, o salário chega a ser de R$ 30 mil. Os engenheiros recém-formados que quiserem atuar na área de petróleo e gás podem conseguir salários de até R$ 7 mil.
No Brasil, cerca de 30 mil engenheiros saem das universidades por ano. Na Coreia do Sul, este número chega a 80 mil. Na China são 400 mil engenheiros por ano e na Índia 250 mil.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito no início deste ano mostrou que o país não tem número suficiente de engenheiros para dar conta dos novos postos que devem surgir com o crescimento econômico. Segundo a pesquisa, de cada sete engenheiros formados no Brasil, apenas dois estão formalmente empregados em funções típicas da profissão.
Não basta, portanto, ter o diploma. É preciso especialização ou experiência na área. O Ipea também estimou que a exploração da camada de pré-sal deverá aumentar a demanda do país por profissionais especializados, como engenheiros e geólogos.
Para tentar suprir a necessidade de engenheiros no país, a Federação Nacional de Engenheiros (FNE) lançou uma campanha para despertar o interesse de estudantes do ensino médio pela carreira. A campanha inclui vídeos e palestras sobre as áreas de atuação da profissão e as oportunidades no mercado de trabalho.