Criança em local sem saneamento: universalização está prevista para 2030 (Marcello Casal Jr/ABr)
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de março de 2014 às 18h29.
São Paulo - Resolver o acesso ao saneamento básico seria uma ótima notícia não só para a saúde, mas também para o bolso do brasileiro.
Num ranking que mede os serviços de água tratada e esgoto em 200 países, o Brasil está em 112o lugar. Nossa pontuação na área em 2011 foi de 0,581, abaixo de países latino-americanos como Chile e Equador.
A taxa de expansão do acesso está em 4,1% nesta década, menos do que os 4,6% de anos anteriores. Com esse ritmo, o país fica ainda mais longe da meta de universalização - projetada pelo governo para 2030.
A falta de saneamento afeta diretamente a saúde da população, o que gera custos para o governo e perda de produtividade.
O alerta foi dado pelo Instituto Trata Brasil e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que lançaram hoje a publicação ‘Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro’.
Saúde e produtividade
O estudo aponta que se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto e água tratada, o número de internações por infecções gastrintestinais cairia de 340 mil para 266 mil por ano, o que geraria uma economia de R$ 27,3 milhões para o SUS (Sistema Único de Saúde).
Os problemas de saúde causados pela falta de saneamento também levam a afastamentos do trabalho, que seriam reduzidos em 23% com a universalização. Em 2012, as empresas gastaram mais de R$ 1 bilhão em horas pagas, mas não trabalhadas por este motivo.
A universalização traria uma elevação de 6,1% na renda média dos trabalhadores - ou R$ 105 bilhões extras na massa salarial do país, que está hoje em torno de R$ 1,7 trilhão, segundo o levantamento.
Outra conclusão é que equalizar o acesso ao saneamento traria uma redução de 6,8% no atraso escolar - e quanto melhor a educação, melhor também é a renda e a produtividade.
E isso sem contar os empregos gerados pelas obras de saneamento, os impactos sobre o turismo e a valorização dos imóveis - com seus respectivos impactos para a arrecadação dos governos.