Multidão reunida contra a austeridade e pelo Oxi ("não") na praça Syntagma em Atenas, na Grécia (REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2015 às 18h50.
A falta de confiança dificulta as negociações com o governo grego, afirmaram vários ministros das Finanças da zona do euro, reunidos em Bruxelas para examinar um novo pedido de resgate financeiro da Grécia e evitar sua saída da zona do euro.
"As discussões estão bloqueadas pela falta de confiança", afirmou à AFP uma fonte após quase três horas de reunião.
Os ministros das Finanças da zona do euro estão analisando as propostas de reforma apresentadas por Atenas em troca de um terceiro plano de resgate, que o governo solicitou nesta semana.
A reunião deste sábado, que será seguida no domingo por uma cúpula de chefes de Estado e de governo dos 28 membros da União Europeia (UE), é considerada a última oportunidade para evitar a saída da Grécia da zona do euro.
Segundo um documento vazado à imprensa, o governo alemão cogita a hipótese de um "Grexit" temporário de cinco anos se o país não melhorar suas propostas.
"Há um grave problema de confiança. Podemos confiar no governo grego para que faça o que prometeu nas próximas semanas, meses e anos?", questionou Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças da Holanda.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, principal partidário da linha dura com Atenas, prevê negociações "extremamente difíceis" e afirmou que "definitivamente não podemos confiar nas promessas" da Grécia.
"Este pacote (de medidas apresentado pela Grécia) seria apropriado para completar o segundo programa (de resgate que expirou em 30 de junho). Mas temo que não seja suficiente para um terceiro programa", estimou o ministro eslovaco, Peter Kazimir.
Vários participantes chegaram a propor que o Parlamento grego aprove nos próximos dias algumas das reformas anunciadas como mostra de seriedade, informaram fontes europeias.
Para a Grécia não será fácil vencer as resistências de alguns Estados europeus, em particular a Alemanha e os países bálticos, que não veem razões para aprovar um terceiro resgate de três anos "com as condições para um de cinco meses", disse uma fonte.
Outro plano milionário
Na sexta-feira, as instituições credoras - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - acolheram favoravelmente a nova oferta de Atenas, que inclui cortes de aposentadorias, aumentos do IVA, privatizações e novos impostos para as empresas.
Em troca, Atenas pede um terceiro resgate, que as instituições estimaram entre 74 e 82 bilhões de euros. Atenas já de beneficiou em 2010 e 2012 de dois resgates financeiros de um valor total de 240 bilhões de euros.
À espera da aprovação, o Eurogrupo pode estudar uma solução transitória para que a Grécia possa pagar seus vencimentos deste mês, em particular com o BCE em 20 de julho.
As reformas do governo grego são impopulares e muito similares às exigidas pelos credores da Grécia há algumas semanas antes da expiração, em 30 de junho, do segundo resgate ao país. Mas 61% dos eleitores gregos rejeitaram esta proposta em um referendo no domingo passado.
Tsipras obteve na madrugada deste sábado o aval do Parlamento ao seu pacote de reformas com 251 votos a favor de um total de 300 deputados. Vários deputados do Syriza, seu partido, se abstiveram na votação, o que, segundo os observadores, pode prever mudanças na coalizão governamental.
A dívida, tema pendente
"O clima para os gregos na reunião não é fácil" e após três horas os ministros ainda não haviam falado da dívida, disse uma fonte próxima às discussões.
Tsipras espera que um acordo com os credores permita o retorno às negociações da questão de uma redução ou reestruturação da gigantesca dívida do país, que alcança 180% do PIB, quase 320 bilhões de euros.
A questão divide os europeus, apesar do apoio do FMI.
Nas ruas da Grécia, a situação não era diferente neste sábado em relação à observada há quase duas semanas, quando foi imposto o controle de capitais para evitar a fuga de capitais e que, entre outras medidas, limita a 60 euros diários o dinheiro que pode ser retirado dos caixas eletrônicos.