Economia

Fabricantes de pneus podem cortar produção

Após queda na venda de veículos, o setor deve diminuir produção e afastar trabalhadores


	A Bridgestone e a Michelin estão avaliando medidas de corte da produção e se juntarão à Pirelli, que possui aproximadamente 1,5 mil funcionários em lay-off
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg/Bloomberg)

A Bridgestone e a Michelin estão avaliando medidas de corte da produção e se juntarão à Pirelli, que possui aproximadamente 1,5 mil funcionários em lay-off (Chris Ratcliffe/Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 17h32.

São Paulo - A forte queda na venda de veículos novos no país começou a afetar mais intensamente integrantes da cadeia produtiva da indústria automobilística brasileira.

Duas grandes fabricantes de pneus no Brasil, a Bridgestone e a Michelin, estão avaliando medidas de corte da produção por meio de afastamento de trabalhadores.

Elas se juntarão à Pirelli, que possui aproximadamente 1,5 mil funcionários em lay-off (suspensão temporária dos contratos) nas quatro fábricas que tem País.

Segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Márcio Ferreira, a Bridgestone informou, na semana passada, que pretende até julho dar férias coletivas aos trabalhadores na fábrica de Santo André, no ABC paulista.

O número de funcionários que poderão ser afastados temporariamente, no entanto, ainda não foi definido pela empresa.

"Estamos acompanhando para saber quantas pessoas vão sair nessas férias. Acho que a empresa está esperando ver a situação do mercado para tomar uma decisão", disse.

A Bridgestone afirmou que ainda avalia "as medidas mais adequadas para enfrentar a queda relevante nas vendas", diante do cenário de crise pela qual passa o setor automotivo em geral.

"Assim que tivermos as definições, informaremos todas as partes envolvidas", disse a empresa em nota. De acordo com a companhia, as medidas estão sendo estudadas para as quatro fábricas no País - Santo André, Camaçari (BA), Campinas (SP) e Mafra (SC) -, nas quais trabalham cerca de 3,7 mil pessoas ao todo.

Rio de Janeiro

A Michelin também informou ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha e Afins (Stiaberj) que tem a intenção de adotar alguma medida de corte de produção a partir de junho na fábrica em Itatiaia (RJ).

Mas, segundo o presidente do sindicato, André Luiz da Silva Rocha, nenhuma ação concreta foi anunciada até agora.

"Alguma coisa vai ter, mas o procedimento ainda não se sabe nem quais setores vão parar", comentou. "Ficaram de marcar uma reunião com o sindicato até o início de junho."

Em nota, a Michelin afirmou que vai adaptar a produção à demanda do mercado com "eventuais paradas" na fabricação de pneus para ônibus e caminhões "ao longo das próximas semanas".

A empresa destacou que a desaceleração da economia brasileira está afetando o mercado automotivo e, consequentemente, o de pneus, "sobretudo os pneus para caminhões e ônibus".

"A Michelin está atenta aos movimentos de mercado, estudando sempre as melhores alternativas para a empresa e seus funcionários", declarou.

No início de maio, a Pirelli colocou 1,5 mil trabalhadores em lay-off por cinco meses nas fábricas de Santo André, Campinas, Gravataí (RS) e Feira de Santana (BA). O número equivale a 12,5% de toda a mão de obra da fabricante de pneus.

A empresa justificou a medida alegando a queda das vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no País, que acumulam recuo de 19,6% neste ano até a primeira quinzena de maio, em relação a igual período de 2014.

Venda às montadoras

A queda nos emplacamentos de veículos tem se refletido diretamente nas vendas de pneus às montadoras, que de janeiro a abril caíram 21,5% em relação a igual período de 2014, de acordo com números da Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip). Já as exportações de pneus acumulam recuo de 13,5% no período.

Apenas o mercado de reposição como um todo se manteve em alta (10,9%), aliviando o desempenho de vendas totais de pneus das associadas da Anip, que acumulam queda de apenas 2% na mesma base de comparação.

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