Opep: os cortes de produção da Opep e de seus aliados não foram suficientes para eliminar os estoques inchados (Leonhard Foeger/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2017 às 18h30.
Londres - Os dois maiores exportadores mundiais de petróleo parecem finalmente ter descoberto como eliminar o superávit global que limita os preços do petróleo há quase três anos.
A Arábia Saudita e a Rússia disseram em Pequim na segunda-feira que são favoráveis ao prolongamento dos limites ao petróleo deste ano até o primeiro trimestre de 2018.
Se convencerem os demais produtores a adotar a estratégia quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus parceiros se reunirem, na semana que vem, os parceiros cortarão em 8 por cento os estoques dos países desenvolvidos, hoje em níveis quase recorde, e eliminarão o excedente que pesa sobre o mercado, segundo cálculos da Bloomberg baseados em dados do governo dos EUA.
“Eles têm um objetivo muito claro”, disse Mike Wittner, diretor de pesquisa de mercado do petróleo do Société Générale em Nova York.
“Eles continuam focados em reduzir os estoques para a média de cinco anos. Eles realmente querem ver isso funcionar.”
Apesar de a notícia sobre a proposta saudita-russa ter ajudado a elevar os preços ao maior patamar em duas semanas na segunda-feira, o barril de petróleo continua parado perto de US$ 50, menos da metade do nível negociado em 2014.
O motivo é que os cortes de produção da Opep e de seus aliados não foram suficientes para eliminar os estoques inchados, ao mesmo tempo em que a produção está aumentando em lugares como EUA em meio à desaceleração do crescimento da demanda.
Os estoques dos 35 países mais industrializados do mundo -- a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) -- estavam em pouco mais de 3 bilhões de barris em abril, ou cerca de 307 milhões acima de sua média de cinco anos, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA (AIE, na sigla em inglês).
Se a Opep e a Rússia concluírem a extensão de nove meses, os estoques cairão para cerca de 10 milhões de barris abaixo dessa média em março que vem, segundo os cálculos da Bloomberg baseados nos números da AIE.
Os cálculos consideram que a Opep manteria sua produção nos níveis de abril, de 31,7 milhões de barris por dia, e que a Rússia manteria a oferta estável em 11,15 milhões por dia a partir de maio.
Esses níveis representam os cortes totais que concordaram em realizar no acordo fechado no ano passado.
Os próprios dados da Opep sugerem que poderia demorar ainda mais para o excedente ser eliminado e os dados da Agência Internacional de Energia indicam que isso poderia acontecer mais cedo.
Os cortes de oferta da Opep e de seus parceiros certamente desempenhariam um papel importante na obtenção da média de cinco anos, mas os produtores também devem receber ajuda: os mercados de petróleo estão superabastecidos há tanto tempo que a média histórica está ficando mais alta.
A média de cinco anos dos estoques da OCDE foi de 2,71 bilhões de barris em janeiro, segundo a AIE.
No entanto, como os anos de estoques elevados empurram a média para cima, em janeiro próximo ela saltará para 2,79 bilhões -- tornando a tarefa de atingir esse objetivo um pouco mais fácil.