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Expropriar ou privatizar? O que os 5 candidatos líderes querem do petróleo

A rapidez com que o Brasil, uma fonte crescente de petróleo de fora da Opep, acelerará a produção dependerá do novo presidente e da composição do Congresso

Confira também (Germano Luders/Exame/Exame Hoje)

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 17h17.

Última atualização em 20 de setembro de 2018 às 18h15.

O Brasil está se preparando para expropriar campos de petróleo à moda da Venezuela ou para privatizar sua paixão nacional, a Petrobras?

É isso que está em discussão na campanha presidencial do Brasil e grandes companhias de petróleo com apostas altas no país têm muito em jogo.

A rapidez com que o Brasil, uma fonte crescente de petróleo de fora da Opep, acelerará a produção no ano que vem vai depender do resultado da eleição presidencial e da composição do próximo Congresso.

Produtoras como Exxon Mobil e Royal Dutch Shell poderiam receber ainda mais incentivos para se expandir no pré-sal ou ver as oportunidades em uma das maiores novas fronteiras petrolíferas do mundo evaporarem se as recentes regulações favoráveis para o setor forem revertidas.

Pesquisas recentes mostram o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro na liderança, seguido por Fernando Haddad, acadêmico e membro do PT, partido de esquerda que tradicionalmente favoreceu a nacionalização do petróleo.

Sob o governo PT, o Brasil suspendeu em 2008 por cinco anos as rodadas de licitações de petróleo para elaborar uma nova legislação e conceder à Petrobras privilégios no pré-sal, que são enormes reservas em águas profundas.

Depois, um governo conservador assumiu o controle em 2016, quando um impeachment encerrou 13 anos de governo do PT, e rapidamente começou a eliminar a legislação nacionalista e promover leilões para atrair investidores estrangeiros.

A eleição determinará se essas reformas serão aprofundadas, mantidas ou reduzidas e as grandes empresas do setor estão prestando atenção. Os candidatos:

Jair Bolsonaro:

Entre os líderes das pesquisas, Bolsonaro oferece a maior esperança para a indústria do petróleo. Recentemente, em 4 de agosto, ele sugeriu privatizar a Petrobras para criar condições mais justas para outras empresas. Desde então, ele moderou sua mensagem, dizendo que não planeja vender o negócio principal da Petrobras, mas que algumas refinarias poderiam ser colocadas à venda.

A Petrobras controla 99 por cento da capacidade de refino do Brasil. Antes de adotar a agenda econômica liberal defendida pelo economista-chefe de sua equipe, Bolsonaro defendia uma política nacionalista do petróleo, que considerava a Petrobras um ativo estratégico.

Fernando Haddad:

O candidato do PT se pronunciou contra a privatização da Petrobras e criticou as reformas em relação ao petróleo aprovadas pelo presidente Michel Temer. P

Por outro lado, ele se posicionou contra os subsídios à gasolina e ao diesel que custaram à Petrobras cerca de US$ 40 bilhões durante o boom das commodities, de 2011 até o início de 2014, quando o PT estava no poder.

Ciro Gomes:

Ciro se tornou o maior pesadelo do lobby do petróleo. Ele considera que o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 foi um golpe e chegou a dizer que os campos de petróleo vendidos pelo governo Temer deveriam ser expropriados. Mais de 40 blocos foram vendidos no governo Temer para empresas como Exxon, BP, Shell e Equinor.

"Eu considero essas vendas ilegítimas", disse ele à Bloomberg em julho. Os acionistas da Petrobras também têm muito com o que se preocupar.

Ciro disse que a gigante do petróleo não deve acompanhar os preços internacionais dos combustíveis e que as margens de lucro da companhia são grandes demais.

Geraldo Alckmin:

O ex-governador de São Paulo é o candidato preferido da comunidade empresarial, mas ele não tem conseguido avançar nas pesquisas de opinião, apesar de contar com o apoio da grande coalizão de centro-direita. Os executivos do setor do petróleo estão tão desapontados quanto os banqueiros.

Ele apoia a venda de refinarias da Petrobras e defende ajustes regulares dos preços do combustível para impedir o retorno dos subsídios caros. Alckmin sugeriu um "colchão tributário" para absorver o impacto das oscilações de preço do combustível no Brasil.

Marina Silva:

A ex-ministra do Meio Ambiente é moderada em política econômica e progressista em políticas ambientais e sociais, e é improvável que chegue ao segundo turno após o declínio nas pesquisas recentes.

Ela é contra a privatização da Petrobras e disse que a companhia deveria alavancar sua produção nacional de petróleo e seus produtos refinados para proteger os consumidores das flutuações de preço. Se Marina conseguir se recuperar, o setor do petróleo começará a se preparar para um escrutínio ambiental mais rigoroso.

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