Jovens perto de uma saca de grãos recolhida após ter caído de um caminhão na BR-163, em Mato Grosso (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 17h23.
São Paulo - Exportadores brasileiros de grãos projetam que o escoamento da safra que está começando não traga os prejuízos registrados em 2013, da ordem de 2,5 bilhões de dólares, com o mercado de fretes mais estabilizado em 2014 e os negócios antecipados com produtores já incorporando o custo mais alto com transporte.
As perdas do setor exportador neste ano, que incluem elevação não esperada dos fretes rodoviários e multas com o atraso dos navios nos portos (demurrage), foram calculadas nesta quinta-feira pela Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), que reúne as grandes companhias do setor da soja e do milho.
As empresas sofreram ao longo de 2013 porque tiveram que honrar os pagamentos acertados antecipadamente com os produtores, com uma alta não prevista nos fretes.
As companhias de transporte subiram seus preços após a entrada em vigor, no fim de 2012, da chamada Lei dos Caminhoneiros, que restringe o número de horas viajadas e reduz a oferta de frete.
"Pegou todo mundo de calça curta, feio. Foi uma cacetada muito grande", disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, em encontro com jornalistas.
Para o escoamento da nova safra, que começa no primeiro trimestre de 2014, as empresas estimam que os preços de frete ficarão estáveis.
"Acho que não tem espaço para subir mais... Subiram no início do ano de 2013. Dali para cá já foi internalizado esse aumento do frete", afirmou Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove.
Para o presidente da Anec, Sérgio Mendes, apesar de um 2014 sem expectativa de grandes mudanças nos custos logísticos, os exportadores estão tensos neste período.
Agora, os fretes mais altos têm sido descontados dos produtores rurais na hora da negociação das vendas da nova safra, disseram os especialistas.
"Você não faz ideia como o pessoal está nervoso... O pessoal não quer pensar em perdas de jeito nenhum", disse Mendes.
Segundo ele, um exemplo é uma acalorada discussão que ocorre neste momento entre as empresas que exportam pelo Porto de Paranaguá (PR), a respeito de novos critérios para a ordem de entrada dos navios, o que poderia prejudicar determinadas companhias.
"Há uma falta de paciência de examinar as coisas... O pessoal não quer pensar em perdas de forma nenhuma." A Anec calcula que a média ponderada do frete de grãos no Brasil esteja atualmente em 92 dólares por tonelada, contra 20 dólares na média da Argentina e 22 nos Estados Unidos.
Desta forma, o Brasil --que deve exportar cerca de 65 milhões de toneladas de soja e milho em 2014-- gastará 4,5 bilhões de dólares a mais do que gastaria se tivesse a infraestrutura logística dos Estados Unidos, onde a maior parte das cargas é movimentada por hidrovias e ferrovias.
O Brasil deverá exportar um recorde de 44 milhões de toneladas de soja em 2014, segundo a Abiove, e cerca de 20 milhões de toneladas de milho conforme estimativas do mercado.