Economia

Exportações na América Latina sofrem estagnação em 2014

Já as importações cairão 0,6%, segundo relatório da Cepal

Porto do Rio de Janeiro: o baixo crescimento da UE afetou diretamente os países exportadores da região (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Porto do Rio de Janeiro: o baixo crescimento da UE afetou diretamente os países exportadores da região (Yasuyoshi Chiba/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 19h44.

Santiago - As exportações da América Latina e do Caribe vão crescer 0,8% em 2014, afetadas pela lenta recuperação da economia internacional e pela queda do comércio intrarregional, completando três anos de estagnação - aponta um relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

Pelo terceiro ano consecutivo, as exportações da América Latina se estagnarão, e as importações cairão 0,6%, após terem aumentado 3% em 2012 e em 2013 - indicou o relatório da Cepal, divulgado nesta quinta-feira em sua sede em Santiago.

"O fraco desempenho do comércio exterior regional se deve ao baixo dinamismo da demanda externa de alguns de seus principais mercados, em especial a União Europeia, e a uma queda forte do comércio intrarregional", explicou o informe.

O baixo crescimento da União Europeia, a principal importadora mundial, afetou diretamente os países exportadores da região, como o Brasil. Os países asiáticos, como a China, também têm comprado menos matérias-primas.

"Na medida em que a União Europeia mantiver crescimentos menores do que 1%, será muito difícil que o comércio internacional retome níveis mais elevados", comentou em coletiva de imprensa o diretor de Comércio Internacional da Cepal, Osvaldo Rosales.

A isso, soma-se a diminuição nos preços de diversos produtos básicos exportados pela região, principalmente do setor de mineração, acrescentou a Cepal.

- Mercosul recua -

As exportações da América Latina para a União Europeia cairão 0,7%, enquanto as vendas para os Estados Unidos crescerão 3,2%.

O relatório indica que as exportações do México e da América Central serão mais dinâmicas em 2014, com um crescimento de 4,9% em seu valor total, ligado a um melhor desempenho da economia dos Estados Unidos.

As vendas externas do Mercosul registrarão um recuo de 2,3%, com queda expressiva da Argentina (-5,2%), em razão da crise no câmbio, e do Brasil (-3%), em um cenário de juros altos e de baixo investimento.

O Paraguai deve liderar as exportações, com um aumento de 14,1%, seguido por Uruguai, com 13,6%; Equador, com 9,3%; Bolívia, com 8,6%; Nicarágua, com 7,4%; Guatemala, com 6,7%; México, com 4,9%; e Cuba, com 4,3%.

Enquanto isso, as exportações vão cair no Peru (10,6%), na República Dominicana (7,1%), na Argentina (5,2%), no Brasil (3%), na Colômbia (1,8%), em El Salvador (1,5%), no Chile (1,2%) e na Venezuela (0,8%).

- Vender para os vizinhos -

Uma das alternativas para melhorar as exportações da América Latina se encontra muito perto, segundo Cepal: vender aos países vizinhos, que em sua maioria compram manufaturas, ou seja, produtos mais sofisticados do que as matérias-primas.

O comércio intrarregional tem sido historicamente baixo na região e piora com a crise mundial. Neste ano, as vendas aos países da América Latina e Caribe caíram 4,9%.

A Cepal afirmou que a participação dos países da América Latina e do Caribe nas três principais cadeias globais de valor (América do Norte, Europa e Ásia) é pequena.

A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, destacou o inédito momento de "incerteza" vivido pela economia latino-americana, que levou o organismo a revisar para baixo as projeções de crescimento várias vezes no ano.

A Cepal reduziu em agosto sua projeção de crescimento para a América Latina em 2014 de 2,7% para 2,2%, em razão de uma fraca demanda externa e interna.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaComércio exteriorExportaçõesImportações

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto