Economia

Exportação de petróleo melhora saldo comercial

Mas, o quinto mês consecutivo de bom resultado no comércio exterior foi insuficiente para reverter o déficit acumulado no ano


	Houve aumento de 276% nas vendas de petróleo
 (Sergio Moraes/Reuters)

Houve aumento de 276% nas vendas de petróleo (Sergio Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2014 às 09h24.

Brasília - A balança comercial registrou em julho um saldo positivo de US$ 1,57 bilhão, puxada por exportações recordes e uma queda de 5,5% nas importações, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Mas o quinto mês consecutivo de bom resultado no comércio exterior foi insuficiente para reverter o déficit acumulado no ano, que chegou a US$ 916 milhões.

Embora afetada pela crise da Argentina, que prejudicou as vendas de carros, a balança comercial foi auxiliada pela exportação de US$ 866 milhões de uma plataforma de petróleo - uma operação, no entanto, meramente contábil - e pelo aumento de 276% nas vendas de petróleo. Em 2013, o déficit de julho foi de US$ 1,9 bilhão.

O desempenho do comércio exterior surpreendeu os analistas, que estimavam um superávit por volta de US$ 800 milhões.

"Houve um bom arrefecimento das importações de combustíveis e lubrificantes, enquanto as exportações de petróleo bruto subiram", disse o economista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências. "Se não fosse a desaceleração econômica, as importações teriam subido muito mais."

A consultoria Rosenberg ressaltou que a queda de 11,2% nas importações de bens de capital refletiu a "perda de ímpeto dos investimentos, já verificada, também, na produção de bens de capital".

Nos bens de consumo, as principais quedas nas importações ocorreram em máquinas e aparelhos de uso doméstico e automóveis de passageiros.

As importações de combustíveis e lubrificantes recuaram 7,4%, o que contribuiu para a redução do déficit da chamada "conta petróleo", que fechou no vermelho em US$ 9,9 bilhões no acumulado do ano.

O diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do MDIC, Fernando Dantas, explicou o aumento das exportações de petróleo em bruto. "De sete petroleiras, seis aumentaram as exportações", disse. Mas o ritmo de alta deve arrefecer em agosto. Também contribuíram para as exportações recordes os embarques de produtos agrícolas, sobretudo de soja.

No grupo de manufaturados, o aumento das vendas foi de apenas 0,6%, ajudado pelo registro dos US$ 866 milhões da plataforma de petróleo. Essa operação, chamada tecnicamente de "exportação ficta", representa o envio de uma unidade marítima ao exterior apenas para fins tributários. No caso brasileiro, a unidade é comprada de fornecedores nacionais por subsidiárias no exterior da Petrobrás e ficam "alugadas", o que permite que sejam recolhidos menos tributos.

Argentina

A venda de manufaturados também está sendo prejudicada pelos problemas da Argentina. A queda das exportações de automóveis para o país vizinho atingiu 36% no acumulado do ano. E as vendas de autopeças caíram 29%.

"Isso é problema de demanda. O acordo automotivo deu as condições para as operações voltarem regularmente. Mas não é o regime automotivo em si que vai trazer a melhoria para o comércio", disse Dantas. As importações brasileiras do vizinho recuaram 17,4% em julho.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaBalança comercialEnergiaPetróleo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto