A chanceler alemã, Angela Merkel, em sua chegada à cúpula do G20 no dia 18 de junho (Bertrand Guay/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2012 às 14h04.
Los Cabos - Os líderes do G20 encerraram na terça-feira sua cúpula anual esperando desesperadamente que a Europa esteja pronta para adotar as medidas necessárias para evitar um catastrófico desastre econômico, consideraram analistas.
Os observadores que viajaram ao México para o encontro dos presidentes mais poderosos do mundo foram unânimes ao advertir que o tempo para que os líderes europeus salvem o bloco da Eurozona do precipício diminui.
"A Europa ainda está à beira de um colapso sistêmico. Tudo gira em torno de como não cair no precipício", disse Yves Tiberghien, da Universidade da Columbia Britânica.
"Se a Eurozona desmoronar (...) será a crise definidora do século. Será uma catástrofe. Mas resolver a crise é muito difícil, porque para isso é preciso construir as instituições que faltam", acrescentou.
"Isto levará anos e aí é onde entra o G20. Os europeus precisam basicamente de tempo, de manter os mercados um pouco afastados", afirmou o cientista político francês.
Os governantes europeus terão tempo em seu retorno do G20 apenas para digerir a mensagem adotada no balneário mexicano de Los Cabos, antes de sua próxima reunião no Conselho da Europa, na próxima semana em Bruxelas, onde espera-se que eles acordem um plano de ação.
No México, os sócios da Europa foram claros sobre o que deve acontecer agora: um sistema unificado de regulação bancária, soberania econômica conjunta e uma maior vontade do Banco Central Europeu de apoiar os Estados membros com problemas.
Mas muitas destas medidas são um anátema para os governos europeus e algumas envolveriam mudanças nos tratados europeus ou nas legislações dos Estados.
No entanto, como advertiram insistentemente os sócios internacionais da Europa, não há tempo a perder.
"Em alguns aspectos foi uma cúpula do G20, em outros foi uma reunião preparatória para a cúpula europeia", afirmou David Shorr, um especialista americano em política externa da Fundação Stanley, que estuda governança global.
"Consistiu em líderes de fora da Europa manifestando suas preocupações sobre como a crise pode transbordar sobre eles. Os novos recursos para o FMI são uma porta corta-fogo para se proteger contra isso", explicou.
As potências emergentes, lideradas por China, Índia, Rússia e Brasil, entraram em acordo no México para reforçar a capacidade financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 456 bilhões de dólares, com a clara condição de que a Europa coloque a casa em ordem.
"Há uma ameaça de ação rápida, um contágio financeiro que leve quase imediatamente a um congelamento do crédito", advertiu Shorr.
"Mas há outra ameaça de ação mais lenta, que é o segundo pior cenário possível: uma grave dupla recessão na Europa que arraste o resto da economia global com ela", comentou.