Reino Unido e União Europeia: por enquanto, o mercado de trabalho do país se mantém mais vibrante do que o de muitas economias da Europa Continental (Toby Melville / Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2016 às 17h37.
Para os empregadores do Reino Unido, este é um conto de dois Brexits.
Enquanto empresas de vários setores, da comida rápida aos produtos farmacêuticos, geraram milhares de empregos desde que o país decidiu, em referendo, abandonar a União Europeia, a perspectiva para o setor financeiro está mais parada.
O Lloyd’s Banking Group disse na quinta-feira que eliminaria 3.000 empregos.
Políticos britânicos anunciaram a criação de empregos em empresas como a rede McDonald’s, a gigante do setor farmacêutico GlaxoSmithKline, a designer de chips ARM Holdings e a rede de supermercados J Sainsbury como sinais de que a economia do Reino Unido continua robusta, apesar das expectativas de economistas de uma recessão iminente após o referendo.
As avaliações otimistas das autoridades britânicas contrastam com as advertências graves para os possíveis efeitos do Brexit feitas pelo ex-primeiro-ministro David Cameron antes do referendo do dia 23 de junho.
Por enquanto, o mercado de trabalho do país se mantém mais vibrante do que o de muitas economias da Europa Continental, e o Reino Unido é um lugar atraente para se investir, dizem as autoridades.
“O governo está comprometido a garantir que as empresas contem com o apoio de que precisam para prosperar e o anúncio de hoje salienta a confiança das companhias em que o Reino Unido continua aberto aos negócios”, disse o ministro de Estratégia Industrial, Greg Clark, em um comunicado na quarta-feira sobre o plano do McDonald’s para gerar 5.000 empregos no Reino Unido.
Impulso
A queda da libra após o referendo deu impulso aos exportadores britânicos e aumentou os preços das ações de várias empresas, da destiladora Diageo à fabricante de cigarros British American Tobacco.
Algumas empresas voltadas para o mercado local também estão avançando com planos de investimento. A Sainsbury disse na semana passada que criaria 900 empregos em Londres -- com a contratação de motoristas, coletores de pedidos, repositores de prateleiras e gerentes -- para seu serviço de compras online.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, elogiou a medida como sinal de que Londres está “aberta e é a melhor cidade do mundo para fazer negócios”.
A outra cara da moeda é o setor financeiro de Londres, antes próspero, onde a ameaça do Brexit aumentou a preocupação com uma desaceleração geral do setor. As instituições financeiras estão monitorando se conseguirão reter o direito de operar em toda a UE a partir de uma sede em Londres, bem como possíveis restrições à contratação de trabalhadores da UE.
Preocupação
No Lloyd’s, a preocupação com uma possível recessão ligada ao Brexit está aumentando a pressão provocada pela persistência de taxas de juros baixas.
As demissões no banco são os primeiros grandes cortes no setor financeiro britânico depois do referendo.
O desemprego no Reino Unido caiu para 4,9 por cento no trimestre encerrado em maio, o nível mais baixo em 11 anos, apesar dos sinais de que a confiança de empresas e consumidores já estava enfraquecendo antes do referendo.
Os economistas disseram que a tendência do desemprego poderia se reverter quando esses fatores fizerem efeito nos próximos meses. Muitos projetam que o Banco da Inglaterra diminuirá em agosto as taxas de juros pela primeira vez em mais de sete anos.
Economistas consultados pela Bloomberg projetam que a economia britânica terá contração no terceiro e no quarto trimestre, a primeira recessão do país desde 2009. Isso está afetando as empresas de diversos modos que ainda não são visíveis nas estatísticas oficiais.