Economia

Excesso de todas as commodities causa êxodo de investidores

Investidores estão saindo dos fundos de commodities à maior velocidade já registrada, e parece que o êxodo não vai terminar tão cedo


	Ações e Commodities: crescimento da oferta criou mercados baixistas nos últimos 12 meses
 (EXAME.com)

Ações e Commodities: crescimento da oferta criou mercados baixistas nos últimos 12 meses (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2015 às 19h44.

Nova York - Os investidores estão saindo dos fundos de commodities à maior velocidade já registrada, e o êxodo não dá sinais de acabar.

Os fundos negociados em bolsa (ETF) dos EUA que são vinculados a cestas amplas de matérias-primas tiveram um fluxo de saída líquido de US$ 919 milhões nos três primeiros meses do ano, o maior somatório para um trimestre desde que os títulos foram criados em 2006, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O Bank of America Corp. diz que a amplitude de oferta desencadeou guerras de preços, e o Goldman Sachs Group prevê uma queda de 20 por cento para commodities que já beiram seu preço mais baixo em 13 anos.

O Morgan Stanley e o Société Générale SA também diminuíram suas previsões para uma série completa de itens.

O crescimento da oferta criou mercados baixistas nos últimos 12 meses. Os perfuradores extraíram mais petróleo e gás natural, as minas de cobre se expandiram e os produtores colheram safras recordes de milho e soja. O dólar mais forte em pelo menos uma década encorajou países com moedas desvalorizadas a exportarem mais.

A economia dos EUA está se fortalecendo, mas a Europa ainda está enfrentando sua crise da dívida e o crescimento está desacelerando na China, a principal usuária de todo tipo de commodities, de minério de ferro até carne suína.

“Esta não é a melhor época para andar apostando nas commodities”, disse Sameer Samana, estrategista mundial em St. Louis do Wells Fargo Investment Institute, que gerencia US$ 1,6 trilhão, em uma entrevista no dia 24 de março.

“Os metais básicos e as commodities agrárias são muito sensíveis ao crescimento global, e a maioria desses mercados tem excesso de oferta. A China e os mercados emergentes têm estado bastante fracos e não estão crescendo suficientemente rápido para criar demanda”.

Preços em queda

O Bloomberg Commodity Index de 22 matérias-primas caiu 4,6 por cento desde o fim de dezembro, tendo recuado em 18 de março para seu menor valor desde junho de 2002.

Nesse mesmo dia, o petróleo bruto, cuja média nos três anos até 2013 foi de quase US$ 96 o barril, chegou a US$ 42,03, seu valor mais baixo em seis anos. A agricultura liderou a contração do trimestre, com declínios de dois dígitos para o trigo, o café e o açúcar no período.

Os exportadores de commodities aumentaram as remessas diante da desvalorização de suas moedas. O Bloomberg Dollar Spot Index cresceu 18 por cento nos últimos 12 meses, e em 13 de março o índice atingiu o maior valor desde o começo da medição em 2004.

As exportações de café do Brasil, o maior cultivador do mundo, subiram 10 por cento nos oito meses até fevereiro e chegaram a seu maior valor desde pelo menos 2011.

Na China, o governo antecipou em 5 de março um crescimento de 7 por cento para este ano, o ritmo mais lento desde 1990. Projeta-se que os EUA cresçam 3 por cento em 2015, a maior alta em uma década, porém estão surgindo indícios de que uma desaceleração mundial poderia afetar os fabricantes, já que o dólar valorizado reduz as exportações.

Os pedidos de bens que duram pelo menos três anos caíram 1,4 por cento em fevereiro, disse o governo em 25 de março.

Guerras de preços

Em mercados como o de carvão, minério de ferro, cobre e petróleo, o rápido crescimento da produção fez com que os produtores de commodities travassem guerras de preços que agora estão dando sinais de relaxamento, disseram analistas do Bank of America liderados por Francisco Blanch em um relatório publicado em 19 de março.

Para agravar o problema, o dólar poderia “comprimir” o crescimento mundial em US$ 2 trilhões neste ano, disseram eles.

“As commodities tiveram um superciclo de 2002 a 2008, que agora parece estar se revertendo”, disse Jack Ablin, diretor de investimentos em Chicago do BMO Private Bank, que administra US$ 68 bilhões, em 25 de março. “Tivemos um ciclo enorme, e isso convidou muitos estreantes na mineração e na exploração e produção de petróleo a entrar. O lado da oferta provavelmente tenha ultrapassado a demanda verdadeira”.

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