Economia

Exame Forum: acesso é o principal problema dos portos

Para Antônio Carlos Sepulveda, presidente da Santos Brasil, o problema do setor não é a quantidade de terminais, mas a necessidade de melhorar a qualidade da operação


	Portos de Navegantes, em Santa Catarina: em portos como o de Navegantes, em Santa Catarina, produtos importados são favorecidos com imposto reduzido
 (Ildefonso Filho/Exame)

Portos de Navegantes, em Santa Catarina: em portos como o de Navegantes, em Santa Catarina, produtos importados são favorecidos com imposto reduzido (Ildefonso Filho/Exame)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2012 às 20h30.

Rio de Janeiro - Os acessos marítimo e terrestre aos portos brasileiros são atualmente os principais gargalos enfrentados pelos operadores privados de terminais portuários, que seguem à espera das medidas prometidas pelo governo para aumentar a atração de investimentos privados no setor. Embora a uniformização da regulação e a definição sobre a prorrogação de concessões preocupem os investidores, representantes do setor que participaram hoje do Exame Forum, no Rio de Janeiro, apontaram as carências de infraestrutura como o principal obstáculo para reduzir os custos do transporte de cabotagem e aumentar a eficiência dos terminais portuários do país. A situação dos portos foi o tema de um dos painéis do fórum, que teve como tema “O papel da Iniciativa Privada na Expansão da Infraestrutura Brasileira”.

Para Antônio Carlos Sepulveda, presidente da Santos Brasil, o problema do setor não é a quantidade de terminais, mas a necessidade de melhorar a qualidade da operação com investimento em logística complementar. “Em Santos, o problema é o navio chegar e sair do porto. Os acessos são terríveis. O porto está perto da capacidade de movimentação de 100 milhões de toneladas e tem projeto de 200 milhões de toneladas e isso tudo no modal rodoviário. Um projeto portuário precisa de ligação logística. Santos não subexiste sem uma solução ferroviária”, afirmou.


O presidente da Triunfo Participações, Carlos Alberto Botarelli, disse que os operadores nacionais já atingiram níveis de excelência comparáveis aos grandes portos do mundo. Perdem eficiência com os atrasos nos cronogramas de dragagens que demoram a aumentar a profundidade dos canais para receber navios de contêineres cada vez maiores ou com a pouca oferta de práticos, por exemplo. “Depois que o navio atraca, temos armadores que oferecem serviços comparáveis ao nível de Roterdã (porto holandês). Evidente que portos europeus e asiáticos têm mais escala, mas a nossa produtividade é alta. O problema é que o navio precisa entrar no porto. Hoje, entra a boia e o berço, o navio leva em média 6 horas”, disse.

Botarelli defendeu a renovação dos contratos dos concessionários anteriores ao marco regulatório da lei 8.630, de 1993, que aceitarem as condições impostas pelo governo para se adaptarem. José Antônio Balau, diretor executivo da Hamburg Sud e Aliança Navegação, observou que poderia ser interessante nova licitação de algumas concessões que não fazem mais sentido para “tirar do conforto” quem já está há muito tempo na atividade e dar uma solução de mercado para o setor. Os três debatedores, no entanto, concordaram que o governo deve avaliar caso a caso.

“O governo está demorando mais do que queríamos, mas estamos sendo chamados para conversar quase que diariamente com os que estão trabalhando na revisão desse marco regulatório. Sentimos que o governo quer fazer algo consistente”, avaliou Balau.

Botarelli contou que os empresários do setor têm no empresário Jorge Gerdau um canal de comunicação com o governo sobre o tema e também se disse otimista. Segundo ele, a insegurança jurídica que domina o setor hoje dificulta o financiamento de investimentos no setor portuário. “O marco regulatório estável é o que vai atrair investimentos para o setor.” 

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