Sede do BNDES, no Rio de Janeiro: Um dos alvos da investigação da CPI são as denúncias de atuação de pessoas ligadas ao governo no banco, entre elas, a suspeita de que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tenha agido no BNDES para liberar recursos para a construção do porto cubano de Mariel (REUTERS/Ricardo Moraes)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2015 às 12h27.
O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) Eleazar de Carvalho Filho disse hoje (10) aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisa os empréstimos concedidos pela instituição, que nunca sentiu interferência política em qualquer das decisões da instituição.
“O banco empresta para projetos”, afirmou. “Não tenho conhecimento de operações que envolvam a República”, acrescentou.
Um dos alvos da investigação da CPI são as denúncias de atuação de pessoas ligadas ao governo no banco, entre elas, a suspeita de que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tenha agido no BNDES para liberar recursos para a construção do porto cubano de Mariel. Fato negado por ex-presidentes do banco que já depuseram na CPI.
Convidado para falar como testemunha na comissão, Eleazar de Carvalho Filho comandou o BNDES entre janeiro de 2002 e janeiro de 2003 e foi indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ele explicou que a decisão de aprovar financiamentos é tomada por um colegiado da instituição, que considera o interesse público e a qualidade do projeto apresentado pelas empresas interessadas.
“Qualquer projeto que tenha interesse para sociedade tem interesse político no sentido de criar empregos, mas nunca vi qualquer interferência política em qualquer decisão que o banco pode ter tomado”, completou, ao citar, como exemplo, o refinanciamento da Vale.
“Era importante para impulsionar o crescimento [da empresa] e fizemos a operação. Foi uma operação muito transparente e importante para o país. Toda operação do banco é pública e comunicamos qual seria a forma.”
BNDESPar
Como também foi presidente do BNDESPar – braço do banco no mercado financeiro –, Eleazar foi questionado ainda sobre as operações de aporte ao grupo Vicunha que teria impulsionado o grupo a assumir o controle do consórcio CSN, responsável pela privatização da Vale em 1997.
Quando a relação acionária entre Vale e CSN foi desfeita, quatro anos depois, o BNDES entrou no descruzamento comparando ações do consórcio. “É uma das operações que o banco deve se orgulhar.”
Perguntado sobre os investimentos do BNDES no exterior, Eleazar lembrou que, durante sua gestão, verificou que alguns tipos de exportação, como de manufaturados, poderiam ser impulsionadas com investimentos do banco, mas garantiu que nenhum investimento foi aprovado enquanto esteve no comando da instituição. Carvalho Filho não quis comentar sobre Mariel por não ter acompanhado o projeto.
A CPI ainda deve ouvir hoje o ex-presidente da instituição Carlos Lessa, que ocupou o cargo entre janeiro de 2003 e novembro de 2004.