BNDES: o ex-diretor pediu demissão logo após as críticas de Rabello ao modelo da TLP (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de julho de 2017 às 19h18.
Brasília - Após deixar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por divergências com a gestão de Paulo Rabello de Castro, o ex-diretor da instituição de fomento Vinicius Carrasco defendeu a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP).
Um dos mentores intelectuais da medida, Carrasco disse que a taxa real esperada para a TLP é compatível com os desembolsos já feitos pelo banco, e que o BNDES continuará sendo "funding barato" para investimentos de longo prazo.
Carrasco disse ainda que o crédito subsidiado proporcionado pelo BNDES acabou sendo de baixa qualidade. "É difícil dissociar recessão atual das más decisões de alocação de capital nos últimos anos, inclusive com subsídio. Não cometamos os mesmos erros", afirmou.
O ex-diretor explicou ainda que, como o BNDES recebe recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), o resultado acaba sendo negativo para a economia e até regressivo diante da concessão de crédito subsidiado às empresas.
"Não acho que isso seja algo desejável", afirmou Carrasco. "E olhem que desde sexta-feira (7) estou desempregado, então talvez tenha interesse nisso, mas não serei o único."
O ex-diretor do BNDES pediu demissão logo após as críticas de Rabello ao modelo da TLP.
Carrasco lembrou ainda que boa parte do crédito subsidiado pelo BNDES acabou servindo à substituição de fonte de financiamento, prática que a nova gestão de Maria Silvia Bastos Marques tentou coibir. "O crédito saía, a empresa só obtinha uma taxa menor com o BNDES do que em outro banco", afirmou.
O ex-diretor ainda destacou que continuará havendo subsídios quando o BNDES passar a remunerar o FAT pela TLP. Ele lembrou também que não há hoje compromisso do banco em devolver recursos do fundo.
Outro ponto positivo da nova taxa de longo prazo é que a instituição de fomento "poderá reciclar sua carteira e fazer mais, juntamente com mercado", disse.