Segundo o economista, um dos riscos é a possibilidade de redução do volume de crédito externo por causa da crise econômica mundial (Cristina Bocayuva/CNC)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2011 às 13h52.
Brasília - Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e atual chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), não há no país bolha de crédito ou endividamento “brutal” das famílias. Isso porque, segundo ele, as taxas de juros reais (descontada a inflação) são muito altas e os bancos estão pouco alavancados (uso de recursos de terceiros).
“Os bancos ganham muito com o spread [diferença entre taxa de captação e a cobrada dos clientes em operações de financiamento] e não precisam se alavancar”, disse Freitas em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado sobre endividamento das famílias. “Basta [ao banco] emprestar um pouquinho que ganha uma fortuna, porque as taxas de juros são muito elevadas”, acrescentou.
O economista falou também sobre os riscos de aumento da inadimplência. Um desses riscos é a possibilidade de redução do volume de crédito externo por causa da crise econômica mundial e, consequentemente, dos recursos para financiamento no país. Um cenário que, para Freitas, tem poucas possibilidades de se confirmar no curto prazo.
Outro risco é o crédito das famílias crescer mais que a renda. “O crescimento [econômico] está diminuindo, mas temos certo percentual de crescimento que permite honrar as dívidas”, disse Freitas. Além disso, ele explica que uma alta da inflação também aumenta a inadimplência, porque reduz a renda.
Para ele, é preciso atenção com o alongamento dos prazos para pagamento de dívidas. “Não temos à vista nenhum problema de bolha de crédito, mas [o setor] tem que ser olhado com lupa constantemente porque, se estourar, é um problema muito grave. Hoje há uma propensão maior para se endividar”, disse ele.