Economia

Eurozona terminará 2012 em recessão

Segundo as novas projeções, o PIB do bloco cairá 0,3% neste ano

Nove países entrarão em recessão na União Europeia, integrada por 27 países
 (Daniel Roland/AFP)

Nove países entrarão em recessão na União Europeia, integrada por 27 países (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2012 às 10h35.

Bruxelas - A Eurozona voltará a entrar em recessão (caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda do PIB) em 2012 e oito de seus 17 países registrarão crescimentos negativos no ano, incluindo Espanha e Itália, com prognósticos piores que os previstos anteriormente, anunciou a Comissão Europeia.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Eurozona cairá 0,3% em 2012, segundo novas projeções. A previsão anterior, divulgada na primavera, estimava um crescimento de 0,5%.

A última recessão da União Monetária aconteceu em 2009, quando registrou um recuo de 4,3%.

Nove países entrarão em recessão na União Europeia (UE), integrada por 27 países.

A revisão para baixo dos dados foi motivada pela crise da dívida que fragilizou os mercados financeiros e provocou uma depressão da economia real, segundo a Comissão.

O Executivo europeu destaca que a recessão será "moderada" e afirma que há sinais de melhora nas economias da Eurozona no segundo semestre do ano.

De acordo com a Comissão Europeia (CE), a recessão na Grécia será maior que a prevista anteriormente, com uma queda de 4,4% do PIB, contra um recuo de 2,8% na estimativa inicial.

Assim, 2012, será o quinto ano de recessão consecutivo na Grécia. A Eurozona desbloqueou nesta semana um plano de resgate com o valor total de 237 bilhões de euros.

Ano passado, o PIB da Grécia caiu 6,8%.

Na Itália, a contração será de 1,3% (-0,1% na previsão inicial).


Os novos dados sobre as previsões de crescimento se devem "à crise da dívida que fragilizou os mercados financeiros e provocou uma depressão da economia real", golpeando duramente a confiança e o desemprego, disse a CE.

Contudo, o executivo europeu disse que a recessão será "moderada" e afirmou que há sinais de melhora nas economias da Eurozona no segundo semestre do ano.

"Ainda que o crescimento tenha sido estagnado, observamos sinais de estabilização da economia europeia. Além disso, apesar de o clima econômico ser negativo, há menos tensão nos mercados financeiros", disse o vice-presidente da Comissão e responsável por Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn.

A Espanha, quarta economia da Eurozona, sofrerá uma contração de 1%, disse a Comissão, que em suas projeções anteriores previa um crescimento de 0,7%. As previsões da CE são ainda melhores que as do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco da Espanha.

A revisão dos prognósticos econômicos reavivam o debate sobre se o remédio para reduzir e cumprir as metas de déficit para este ano - a austeridade -, deveria ser flexibilizado. E nos últimos dias cresceram os rumores de que Madri prevê pedir que um aumento da meta de déficit para este ano, de mais de 5% do PIB no lugar de 4,4% acordado.

"Espero que o governo espanhol nos brinde com mais informações para podermos definir se flexibilizaremos essa meta", disse Rehn durante coletiva de imprensa.

Após assumir o poder, o presidente do governo, Mariano Rajoy, disse o déficit orçamentário da Espanha para 2011 se situará acima de 8% do PIB, muito superior aos 6% prometidos pelo governo anterior.

Para poder atingir a meta de déficit, o governo de Rajoy anunciou cortes orçamentários de 8,9 bilhões de euros, alta de impostos de 6,3 bilhões e um plano contra a fraude fiscal através do qual o país calcula recuperar 8,2 bilhões.

Portugal também finalizará o ano com uma queda de sua economia (-3,3%), e Irlanda é o único dos países chamados periféricos o PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) que escapará a recessão.

O crescimento de 2012 será levemente inferior também nas chamadas economias motoras da Eurozona, Alemanha e França. Alemanha crescerá 0,6% em 2012 e França 0,4%, contra estimativas anteriores de 0,8% e 0,6% respectivamente.

"Isso mostra mais uma vez que a Europa precisa mudar sua estratégia e se concentrar em impulsionar o crescimento e não a consolidação fiscal", disse Sony Kapoor, analista do centro de reflexão econômica Re-Define.

"Como tem demonstrado Grécia, Portugal e Espanha, isso levará apenas a um maior endividamento e recessão", disse Kapoor, pedindo que na próxima reunião dos dirigentes europeus, no dia 1º de março, sejam ratificadas as medidas para impulsionar o crescimento.

*Matéria atualizada às 11h40

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