Economia

Eurozona terá crescimento lento e inflação baixa em 2014/15

Em 2014, a expansão da economia da zona do euro será de 0,8%, quatro décimos inferior às previsões de maio, e em 2015 alcançará 1,1%

O comissário Pierre Moscovici (d) e vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen apresentam as previsões de econômicas em Bruxelas (Emmanuelle Dunand/AFP)

O comissário Pierre Moscovici (d) e vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen apresentam as previsões de econômicas em Bruxelas (Emmanuelle Dunand/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2014 às 16h14.

Bruxelas - O crescimento econômico na zona do euro será "lento" e a inflação "muito baixa" em 2014 e em 2015, segundo as previsões da Comissão Europeia publicadas nesta terça-feira, que pintam um panorama mais pessimista para os países da moeda única.

Em 2014, a expansão da economia da zona do euro será de 0,8%, quatro décimos inferior às previsões de maio, e em 2015 alcançará 1,1% (1,7% na previsão de maio), enquanto que a evolução do índice de preços será para este ano de 0,5% (0,8% em maio) e de 0,8% no ano que vem (1,2% em maio).

As previsões da Comissão indicam "um fraco crescimento para o resto do ano e uma pequena aceleração para 2015 por uma demanda externa e interna mais vigorosa", indica em um comunicado.

Esta revisão para baixo se explica, entre outros motivos, por una menor confiança na economia devido aos riscos políticos e às piores perspectivas econômicas, explica a Comissão.

Reformas, rigor e investimentos

"A situação da economia e do emprego não tem melhorado de forma rápida", comentou Jyrki Katainen, comissário europeu encarregado do crescimento.

"A Comissão utilizará todas as ferramentas e os recursos à sua disposição para criar mais empregos e gerar crescimento na Europa", insistiu. Entre eles, está o plano de investimentos de 300 bilhões de euros que prometeu o novo presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker. Neste plano estão depositadas todas as esperanças dos países mais afetados da zona do euro.

Para o comissário de Assuntos Econômicos Pierre Moscovici, "não há uma solução única e simples para resolver as dificuldades da economia europeia. Devemos coordenar nossa ação em torno de três pontos: políticas fiscais verossímeis, reformas estruturais ambiciosas e investimentos públicos e privados indispensáveis".

Em 2016, quando a "consolidação do setor financeiro" e os "efeitos benéficos" das reformas estruturais realizadas pelo bloco derem resultados, a atividade econômica se acelerará para registrar 1,7% de crescimento.

A situação de cada país do bloco é muito diferente, mas as três principais economias da zona do euro não incitam otimismo.

A Alemanha, locomotiva da zona do euro, parece encontrar dificuldades. A Comissão reviu a queda das previsões de crescimento, de 1,3% este ano (contra 1,8% em maio) e em particular para 2015, de 1,1% (contra 2%).

Na França, o crescimento foi revisado para 0,3% em 2014 (1% em maio), e 0,7% em 2015 (1,5% em maio).

A terceira economia da zona do euro, a Itália, deve entrar em recessão neste ano, pelo terceiro ano consecutivo (-0,4%), enquanto a Comissão estimava em maio um crescimento de 0,6%, cifra que só alcançará em 2015, segundo as previsões desta terça-feira.

Na Espanha, o crescimento será de 1,2% (1,1%) neste ano e 1,7% em 2015 (2,1%).

A drástica revisão para baixo nas previsões para a quarta economia da zona do euro pinta um quadro menos favorável para a Espanha, que seguirá contando com seu setor exportador para continuar crescendo, embora menos do que em 2013, e com uma redução no custo de mão de obra.

Segundo a Comissão, os dados da Espanha "indicam que a consolidação fiscal continua em 2014". Segundo as estimativas para a Espanha, o déficit será este ano de -5,6% e em 2015 de -4,6%, excluídos os custos da recapitalização dos bancos, de 0,5% do PIB.

No país o desemprego será este ano de 24,8% (25,5% em maio), de 23,5% em 2015 (24%), e de 22,2% em 2016.

Inflação "muito baixa"

A Eurozona registrará uma inflação "muito baixa" em 2014 e em 2015. Tudo indica que escapará, contudo, da deflação, fenômeno de queda prolongada e generalizada de preços e salários que desestimula o consumo e a atividade econômica.

Em 2016 a inflação chegará a 1,5%. O objetivo do Banco Central Europeu (BCE) é de manter uma inflação inferior, mas perto de 2%.

O desemprego baixará lentamente na zona do euro, com uma taxa de 11,6% neste ano, 11,3% no ano que vem e 10,8% em 2016.

Segundo a Comissão, o consumo privado terá uma "expansão moderada" em 2015 e 2016, em parte devido a a uma "melhoria" no emprego e às receitas das famílias.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoDesenvolvimento econômicoZona do Euro

Mais de Economia

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS

Arcabouço não estabiliza dívida e Brasil precisa ousar para melhorar fiscal, diz Ana Paula Vescovi

Benefícios tributários deveriam ser incluídos na discussão de corte de despesas, diz Felipe Salto

Um marciano perguntaria por que está se falando em crise, diz Joaquim Levy sobre quadro fiscal