''Cumprimentamos as medidas anunciadas na sexta-feira por parte das autoridades espanholas'', declarou Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (©AFP / John Thys)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2012 às 21h09.
Bruxelas - A eurozona apoiou nesta segunda-feira a reforma financeira do governo espanhol para sanear os bancos do país, mas pediu que o país acelere a auditoria externa dos ativos imobiliários e dos balanços dos setor.
''Cumprimentamos as medidas anunciadas na sexta-feira por parte das autoridades espanholas para reformar o setor financeiro com o objetivo de aumentar a confiança dos investidores e resolver as vulnerabilidades restantes do setor bancário'', afirmou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, ao final da reunião dos ministros de Economia e de Finanças da zona do euro.
''Damos boas-vindas às medidas e as apoiamos plenamente'', acrescentou Juncker, que também é primeiro-ministro de Luxemburgo. O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, afirmou que os países da eurozona apoiaram ''absolutamente'' sua reforma financeira.
De Guindos assegurou que encontrou nos parceiros europeus o apoio e a cooperação que esperava, pois ''temos que buscar soluções conjuntas a uma situação que é complexa, especialmente causada pela situação da Grécia''.
O ministro defendeu que a Espanha ''fez tudo o que tinha que fazer'' e frisou que a cooperação de todos os países da zona do euro é ''vital'' neste ''momento difícil''.
Apesar da satisfação expressada por De Guindos, o Eurogrupo pediu que a Espanha ''acelere'' a auditoria externa dos ativos imobiliários e dos balanços dos bancos, apesar do governo já ter encarregado duas entidades independentes para fazer uma avaliação da carteira de créditos do setor.
A eurozona também pediu ao governo espanhol que ''tome as medidas necessárias para criar mecanismos de ajuda aceitáveis em caso de necessidade''.
De Guindos disse que o Estado poderia oferecer a juros anuais ajudas de até 15 bilhões de euro, embora este número inclui o empréstimo de 4,465 bilhões de euros feito pelo Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) em 2010, que não foi pago e se transformou em ações.
Ao ser perguntado se a Espanha dispõe de dinheiro para fazer frente às necessidades dos bancos ou se acha que o país precisará recorrer ao fundo de resgate europeu, Juncker assegurou que o governo ''fará o que tem que fazer''.
''A rapidez é essencial na atual situação'' de pressão dos mercados financeiros sobre a bolsa, os bancos e a dívida soberana, explicou.
O prêmio de risco espanhol, o diferencial entre o bônus nacional a 10 anos e o alemão de mesmo prazo, disparou hoje até 478 pontos básicos, a posição mais alta atingida no fechamento de um pregão desde a implantação do euro.
A bolsa espanhola caiu 2,66% e registrou um novo mínimo anual (6.809,40 pontos), nível de outubro de 2003, afetada pela situação dos bancos e o temor de que a Grécia abandone o euro.
Na opinião do Eurogrupo, a reforma financeira, que exigirá dos bancos espanhóis recursos de 30 bilhões de euros adicionais por sua exposição imobiliária teoricamente saudável, somada a uma consolidação fiscal determinada e a aplicação imediata de reformas estruturais causará ''a volta da economia espanhola ao crescimento sustentável e a criação de empregos''.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn, reiterou que a reforma financeira contém ''medidas importantes que deveriam eliminar as dúvidas sobre sua estabilidade''.
''Uma reforma rápida e profunda do setor bancário é a pedra angular da resposta da Espanha à crise'', disse. Rehn acrescentou que a reforma financeira se soma a consolidação fiscal e as reformas estruturais, o que pode ''gerar um crescimento sustentável e mais e melhores empregos, o que é nossa prioridade''.
Apesar dos problemas da eurozona e da Espanha, o Eurogrupo ratificou sua estratégia de consolidação, que ''continua sendo apropriada e seguirá sendo a pedra angular de nosso plano para corrigir os desequilíbrios fiscais e macroeconômicos, superar a crise e retornar a um caminho de crescimento sustentável'', explicou Juncker.
A eurozona insistiu que não há nenhuma contradição entre a consolidação fiscal e políticas de crescimento. Neste sentido, Juncker ressaltou que ''chegou o momento para um debate substancial'' sobre o tema.