Mulher faz compras no Japão: país está começando a ter sucesso na luta contra deflação (Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 14h56.
São Paulo - Inflação demais é pessimo - que o diga o Brasil, onde ela só não bate o teto da meta por causa do congelamento de preços administrados.
Mas inflação baixa demais também é problema. Se as pessoas imaginam que os preços não vão subir no futuro (ou até cair), elas não tem nenhum incentivo para gastar hoje ao invés de amanhã, o dinheiro fica guardado e a economia não sai do lugar.
Números divulgados hoje pelo Eurostat mostram isso é o que está acontecendo na zona do euro, onde cortes na taxa de juros foram insuficientes para afastar o fantasma da deflação.
A taxa de janeiro foi de 0,7% - abaixo dos 0,8% de dezembro e o menor número desde outubro do ano passado. A meta do Banco Central Europeu é muito mais alta: 2%.
Enquanto isso, o desemprego segue no mesmo (alto) patamar, o crescimento continua patinando e analistas falam de um processo de "japanização" do continente.
Japão
No próprio Japão, a história é outra. Os dados divulgados esta semana (referentes a dezembro) mostram aumento de 1,2% nos preços, 0,1 ponto percentual acima do estimado por economistas ouvidos pela Bloomberg.
Ainda é menos do que o objetivo oficial (também de 2%), mas já demonstra algum impacto das políticas do primeiro-ministro Shinzo Abe, que está promovendo um programa ousado de reformas e expansão monetária batizado de "Abenomics".
A ideia é derrubar o valor do iene e incentivar o consumo para tirar o país de uma deflação e estagnação que já dura duas décadas.
O mercado de trabalho também está demonstrando reação, com a menor taxa de desemprego desde 2007, mas isso ainda não se traduziu em aumento de salários, como quer Abe.