Economia

EUA veem visita de Lula como última chance para Irã

Washington - A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã neste fim de semana pode ser a última chance para alcançar um compromisso com Teerã por conta de seu programa nuclear antes de uma nova rodada de sanções da ONU, disse uma autoridade de primeiro escalão do Departamento de Estado dos Estados […]

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2010 às 17h59.

Washington - A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã neste fim de semana pode ser a última chance para alcançar um compromisso com Teerã por conta de seu programa nuclear antes de uma nova rodada de sanções da ONU, disse uma autoridade de primeiro escalão do Departamento de Estado dos Estados Unidos nesta quinta-feira.

A autoridade, que falou sob condição de anonimato, disse que o presidente norte-americano, Barack Obama, não desistiu de uma solução diplomática para o impasse, mas Washington concluiu que Teerã não irá limitar suas ambições nucleares sem novas sanções.

Os Estados Unidos e alguns de seus aliados acusam o Irã de usar seu programa nuclear civil como um disfarce para a construção de armas nucleares. O Irã nega e afirma que sua intenção é apenas gerar eletricidade.

O Brasil e a Turquia, que atualmente ocupam assentos rotativos no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), são contra novas sanções ao Irã por conta das atividades de enriquecimento de urânio da República Islâmica, afirmando que tais medidas prejudicariam os mais pobres e poderiam levar a uma radicalização maior do país.

"Acredito que veríamos a visita de Lula como, talvez, a última grande chance de engajamento", disse ela a jornalistas.

Autoridades norte-americanas apoiam publicamente a iniciativa do Brasil e da Turquia mas, nos bastidores, diante do fracasso das conversas, esperam que os países mostrem maior disposição para impor uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã.

"Não é que desistimos de um compromisso. Apenas seguimos céticos de que o Irã irá se mover por conta própria sem alguma pressão adicional", disse a autoridade.

Ele disse que se Teerã não mudar sua posição após a visita de Lula, "países como Brasil, Turquia e outros no Conselho (de Segurança) deverão definitivamente tirar conclusões disso."


Lula deve visitar o Irã no domingo e o ministro de Relações Exteriores iraniano disse que o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, também deve visitar a capital iraniana no mesmo dia.

A autoridade norte-americana disse haver sinais de que o Irã pode estar tentando organizar um encontro maior durante o fim de semana, mas se recusou a dizer quais países poderiam participar da reunião.

Em sua visita de dois dias, Lula buscará convencer o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, a reavaliar uma proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sob a qual o Irã enviaria urânio de baixo enriquecimento ao exterior e, em troca, receberia urânio mais enriquecido.

O Brasil tem um programa nuclear para a geração de energia, e, sob o governo Lula, tem procurado ampliar seu papel em assuntos globais.

O governo norte-americano acusa Teerã de tentar ganhar tempo ao aceitar a oferta brasileira de mediação e disse que Washington não pouparia esforços em sua campanha por novas sanções.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, conversou por telefone com o ministro de Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, e argumentou que o Irã não demonstra sinais de estar interrompendo o enriquecimento de urânio, como exigido por várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

O enriquecimento de urânio pode produzir combustível para reatores nucleares ou, se aperfeiçoado, produzir material para bombas atômicas.

O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, P.J. Crowley, disse que se o Irã não mudar seu comportamento após a visita de Lula, o país deverá pagar o preço.

"Neste ponto acreditamos que deverá haver consequências por um fracasso em responder", disse Crowley. 


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