Estados Unidos: demanda do país favorece montadoras norte-americanas e prejudica marcas estrangeiras (Jupiterimages/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 30 de abril de 2018 às 20h32.
Última atualização em 30 de abril de 2018 às 20h33.
Washington - A mais recente proposta dos Estados Unidos para ampliar o conteúdo local na indústria automotiva dos países que fazem parte do Nafta prevê um período de transição de quatro anos para atingir o nível de 75 por cento ante os atuais 62,5 por cento.
Um resumo da proposta, visto pela Reuters e que está circulando por representantes da indústria automotiva, prevê que funções que paguem 16 dólares por hora sejam responsáveis por 40 por cento do valor de veículos leves de passageiros e 45 por cento no caso de picapes.
O plano dos EUA exige que as montadoras incluam salários pagos para profissionais de engenharia, vendas, pesquisa, de software e desenvolvimento de produto, que serão responsáveis por 15 pontos percentuais destas metas. A demanda favorece montadoras norte-americanas e prejudica marcas estrangeiras que fazem esses trabalhos fora dos EUA.
As exigências sobre empregos, apoiadas pelo representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, durante negociações em Washington na semana passada sobre alterações no Tratado de Livre Comércio da América do Norte, são direcionadas a preservar produção de veículos nos EUA e Canadá e aplicar pressão sobre o México, que paga salários menores.
O Centro de Pesquisa Automotiva em Ann Arbor, no Estado norte-americano de Michigan, estima que os trabalhadores em montadoras de veículos no México recebem, em média, menos de 6 dólares por hora e que funcionários de empresas de autopeças recebem menos de 3 dólares.
Mas reações negativas da indústria automotiva nos EUA e México sugerem que um acordo sobre veículos, considerado crucial para um acordo em princípio para rediscussão do Nafta, não está próximo.
A proposta dos EUA "não é aceitável. O percentual, as transições, as restrições", disse o presidente da associação mexicana de montadoras de veículos, Eduardo Solis, que confirmou os detalhes da oferta norte-americana.
Os EUA querem que as montadoras tenham quatro anos de transição para elevarem o conteúdo local em seus carros de passageiros, mas dois anos no caso das picapes. Ambos os períodos são curtos para uma indústria que planeja produtos, aloca capacidades de fábricas e toma decisões de fornecimento com anos de antecedência. O tratado original do Nafta em 1994 previa uma transição de oito anos para atingir o percentual atual de 62,5 por cento.
Os 75 por cento de conteúdo local para que veículos não sofram cobrança de sobretaxas entre EUA, Canadá e México também se aplicam a veículos elétricos e suas baterias e também a veículos autônomos, mas nestes casos o período de transição é de nove anos.