Economia

EUA não alcançam progresso significativo em disputa comercial com China

Governo americano acredita que fortaleceu seu poder de barganha na semana passada com um entendimento em torno da busca de um acordo comercial com a UE

Casa Branca permanece dividida sobre como se sair melhor no acordo com os chineses (Damir Sagolj/Reuters)

Casa Branca permanece dividida sobre como se sair melhor no acordo com os chineses (Damir Sagolj/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de julho de 2018 às 19h39.

Washington - Apesar de receber apoio da União Europeia por sua ofensiva comercial contra a China, o governo dos Estados Unidos ainda não alcançou progresso significativo na busca por acertar sua disputa com o país asiático.

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e o enviado chinês Liu He e suas delegações continuam conversando sobre uma possível reunião, informam autoridades em ambas as capitais, mas os diálogos permanecem em estágio preliminar. Ambas as partes argumentam que cabe ao lado oposto dar o primeiro passo após o presidente Donald Trump rejeitar como inadequadas diversas ofertas preliminares de Pequim, principalmente envolvendo a compra de mais bens americanos.

Washington e Pequim concordaram que suas ofertas iniciais não foram uma base sólida para o prosseguimento das tratativas, de acordo com um integrante de alto escalão da comunidade de negócios dos EUA que acompanha as discussões. Entre as tentativas fracassadas estão a oferta chinesa de comprar mais exportações americanas e a demanda dos EUA de que a China essencialmente descartasse a política industrial que transformou o país em uma potência econômica, disse esse mesmo executivo.

"Eles estão jogando foras ideias e retórica inúteis", afirmou esse executivo. "Eles estão entendendo o que poderia estar em uma agenda conjunta e o que poderia ser a solução."

O governo americano acredita que fortaleceu seu poder de barganha na semana passada com um entendimento em torno da busca de um acordo comercial com a União Europeia. Washington e Bruxelas concordaram em lidar no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) com roubo de propriedade intelectual, pressão de governo para companhias transferirem tecnologia e a operação de indústrias estatais - todas palavras-chave para infrações comerciais de que a China é suspeita.

Com o acordo, Pequim está "em uma posição muito difícil", disse o diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Larry Kudlow à emissora CBS no domingo. "A China está, eu acho, sendo isolada."

Ainda assim, a Casa Branca permanece profundamente dividida sobre como se sair melhor no acordo com os chineses, e os dois principais grupos nessa frente estão se movendo em direções diferentes. Aquele liderado pelo Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), Robert Lighthizer, acredita que a China só fará concessões se sentir o golpe de tarifas pesadas, de acordo com autoridades americanas.

Já o outro grupo, liderado por Mnuchin e Kudlow, tem procurado uma solução livre de tarifas massivas, temeroso de que essas barreiras, somadas as tarifas retaliatórias sobre bens americanos, poderiam desacelerar o crescimento dos EUA e derrubar mercados financeiros.

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