Economia

EUA irão perder empregos caso deixem acordo de Paris, diz ONU

O presidente dos EUA, Donald Trump, deve anunciar já na próxima semana se irá retirar os EUA do acordo climático

Trump: "Não há dúvidas de onde o futuro está e isto é o que todas as companhias do setor privado entenderam", disse Solheim (Jonathan Ernst/Reuters)

Trump: "Não há dúvidas de onde o futuro está e isto é o que todas as companhias do setor privado entenderam", disse Solheim (Jonathan Ernst/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de maio de 2017 às 20h51.

Última atualização em 31 de maio de 2017 às 17h20.

Genebra - Os Estados Unidos vão dar um tiro no pé se deixarem o acordo climático de Paris, porque China, Índia e Europa irão agarrar aos melhores empregos do setor energético no futuro, disse nesta quinta-feira o chefe de Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU), Erik Solheim.

O presidente dos EUA, Donald Trump, deve anunciar já na próxima semana se irá retirar os EUA do acordo climático, tendo prometido durante sua campanha "cancelar o Acordo Climático de Paris" dentro dos 100 primeiros dias como presidente.

"Não há dúvidas de onde o futuro está e isto é o que todas as companhias do setor privado entenderam", disse Solheim à Reuters em Genebra. "O futuro é verde", disse.

"Obviamente que se você não é uma parte do acordo de Paris, irá perder. E os principais perdedores é claro que serão as pessoas dos Estados Unidos em si, porque todos os fascinantes e interessantes novos empregos verdes irão para a China e para outras partes do mundo que estão investindo pesado nisto."

O mundo agora passou de sua fase do "pico do petróleo", disse o norueguês, e está rapidamente andando para a era do uso do sol e vento.

O acordo de Paris, assinado por quase 200 países em 2015, busca limitar o aquecimento global ao cortar emissões de dióxido de carbono e outros gases resultantes da queima de combustíveis fósseis.

"Engenharia eólica é provavelmente a oportunidade mais promissora de emprego nos Estados Unidos", disse Solheim, acrescentando que a China e a Índia estão reduzindo o preço da energia solar tão rapidamente que o carvão não é mais competitivo.

O novo alvo de Solheim é a poluição, com plásticos nos oceanos esperados para se igualarem o peso dos peixes em 2050. Mas com a ciência, cidadãos mobilizados, mercados regulados e enorme força das empresas, tais problemas podem ser resolvidos, disse.

A revolução verde está sendo liderada por companhias icônicas como Google, Walmart, Microsoft, Apple e Facebook, então o momento não depende de Washington, disse Solheim.

"Mesmo se o pior acontecer e os Estados Unidos se retirarem, as consequências serão muito menores do que as pessoas pensam", disse.

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